domingo, 23 de outubro de 2016

Gravidez de juíza adia última sessão do julgamento de ex-ministras timorenses


Díli, 21 out (Lusa) - A última sessão do julgamento de duas ex-ministras timorenses acusadas de participação económica em negócio e administração danosa, prevista para hoje, foi adiada devido à gravidez de uma das juízas do processo.

A sessão de hoje estava marcada desde 22 de setembro e deveria ter servido para que a ex-ministra das Finanças Emília Pires, uma das arguidas, fazer a sua declaração final.

No entanto, a gravidez de uma juíza (o coletivo tem três magistrados) obrigou a adiar a sessão para 24 de outubro, data em que previsivelmente o juiz José Maria Araújo, que preside ao processo, deverá colocar as últimas questões a Emília Pires e anunciar a data da leitura da sentença.

Emília Pires e a ex-vice-ministra da Saúde Madalena Hanjam são acusadas de irregularidades na compra de centenas de camas hospitalares em contratos adjudicados à empresa do marido da primeira, com um suposto conluio entre os três para a concretização do negócio, no valor de 800 mil dólares.

A fase final do julgamento arrastou-se mais do que o previsto por as alegações finais da defesa terem sido adiadas para 22 de setembro, o que impediu que Emília Pires pudesse estar presente por, com autorização do tribunal, se ter deslocado ao estrangeiro em visita de representação do Estado timorense.

Nas suas alegações finais, o Ministério Público deu todas as acusações como provadas e pediu penas de prisão de 10 anos para as duas arguidas.

As alegações finais da defesa ficaram marcadas por críticas ao Ministério Público e à forma como o processo foi conduzido desde o início, em 2012.

Na sua declaração final ao tribunal Hanjan disse respeitar a justiça, o Ministério Público e os advogados, recordando a sua história de serviço ao país e garantindo que sempre cumpriu todos os procedimentos em todas as funções que cumpriu.

O julgamento começou há um ano e foram ouvidas dezenas de testemunhas, incluindo os ex-Presidentes Xanana Gusmão e José Ramos-Horta e o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri.

No final do julgamento houve críticas dos dois lados, com a procuradora Angelina Saldanha a considerar que a defesa, nas suas alegações, atacou o sistema de justiça de um país soberano.

Em resposta, Morais Sarmento, advogado de Madalena Hanjam, afirmou que por defender o sistema de justiça é que considera que o trabalho desenvolvido pelo Ministério Público "não deve ter lugar no sistema de justiça de Timor".

"Causa vergonha. E é na defesa do sistema de justiça de Timor-Leste que deveriam ter vergonha pela ausência de provas que têm plena consciência que sustenta esta acusação. Nunca vi um trabalho tão pobre de um Ministério Público que não reconheceu um dos únicos erros flagrantes que cometeu", afirmou.

Bettencourt Ferreira, da defesa de Emília Pires, também lamentou a postura do Ministério Público, que em vez de responder à defesa "escolheu falar de outras coisas, escolheu atacar, vitimar-se".

"Quando não há argumentos desconversa-se", disse, criticando as várias observações que ouviu durante o julgamento por estarem "legitimidade e nos termos da lei timorense" advogados portugueses envolvidos no processo.

ASP // MP

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