terça-feira, 1 de novembro de 2016

Governo timorense saúda eleições locais, manifesta surpresa por críticas e confia no processo


Díli, 01 nov (Lusa) - O Governo timorense saudou hoje a forma como decorreram as eleições locais do passado fim de semana, manifestando surpresa por algumas críticas sobre o processo, e defendendo o modelo adotado e a descentralização administrativa.

"A numerosa participação dos nossos cidadãos na escolha dos líderes das nossas comunidades é bem reveladora do envolvimento que cada timorense tem na vida da sua aldeia e do seu suco e do empenho que continuam a dedicar à construção do nosso Estado e da nossa democracia", refere um comunicado do Ministério da Administração Estatal remetido à Lusa.

O Governo destaca os mais de 2.000 candidatos, e a elevada participação de jovens e mulheres, com uma participação eleitoral "massiva (?) ordeira e pacífica" o que, considera, "demonstra a vitalidade" do processo democrático e o pluralismo da sociedade timorense.

"A sociedade timorense afirmou, assim, a sua recusa do monolitismo de pensamento e do sistema de candidaturas únicas como caminho escolhido para a democracia aberta, plural e participada que queremos construir", sublinha o texto.

Neste cenário, o Ministério da Administração Estatal manifesta "surpresa e estranheza" pelas "críticas que alguns responsáveis políticos dirigem ao quadro legal aprovado" pelo parlamento.

"Sendo titulares de mandato parlamentar e de legitimidade popular, poderiam ter-se envolvido no processo de aprovação da nova lei, melhorando as opções políticas que na mesma se encontram refletidas ou a sua redação, o que preferiram não fazer para agora virem criticar o trabalho realizado", sublinha o texto.

A reação surge depois dos líderes do segundo partido timorense, Fretilin, se manifestarem preocupados com irregularidades e "grande desorganização" que dizem ter ocorrido em vários pontos de Timor-Leste nas eleições locais de sábado.

"Houve uma grande desorganização. Entregaram aos sucos e às aldeias a responsabilidade pela organização disto e houve muitos problemas, alguns causados pela própria lei da eleição", disse à agência Lusa Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin.

"Eu próprio quando fui votar vi que uma das candidatas a chefe de suco estava na mesa a controlar. Imagine isso a acontecer num ato eleitoral qualquer", sublinhou.

O Governo timorense diz que "continua a acreditar que o modelo escolhido para a eleição dos líderes comunitários é o que melhor promove uma ampla participação cívica e eleitoral (?) melhor garante o pluralismo de ideias e de opiniões, (?) assegura a transparência no processo de votação e de apuramento de resultados e (..) concretiza o processo de descentralização administrativa" em curso.

"Sendo um processo de eleição novo, compreende-se a existência de algumas dúvidas e incertezas em torno do mesmo, apesar dos esforços que os órgãos de Administração Eleitoral e várias organizações da sociedade civil empreenderam para a disseminação de informação sobre o mesmo", reconhece.

Recorde-se que as eleições do fim de semana (que se concluem a 24 de novembro no caso das zonas onde é necessária segunda volta) foram as primeiras desde a aprovação pelo Parlamento Nacional da nova Lei dos Sucos.

O executivo sublinha, neste aspeto, o "amplo consenso político" resultado de "um grande e profundo debate parlamentar, que envolveu todas as bancadas partidárias, nomeadamente a bancada do maior partido da oposição, o qual viu muitas das suas propostas consagradas na versão final da lei que agora se aplica".

O executivo saúda o apoio do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) aos Conselhos dos Sucos e às Assembleias de Aldeia para a realização das eleições, tendo-se constituído uma mesa eleitoral em cada uma das 2.225 aldeias do país.

"Este processo foi um desafio difícil à nossa capacidade de organização, o qual, enquanto Povo, soubemos vencer sozinhos, já que não houve, a nível local, qualquer apoio ou assistência técnica internacional ao processo eleitoral para os Sucos", explica.

Destaca ainda o trabalho das forças de segurança e dos milhares de oficiais eleitorais que participaram no processo, e considera que as dificuldades e obstáculos encontradas reforçam a necessidade de "intensificar o processo de descentralização administrativa e de reforçar os meios materiais, financeiros e humanos dos sucos" e autoridades locais.

"Contrariamente ao que alguns dirigentes partidários afirmaram, o caminho que devemos seguir é o da descentralização administrativa e o do fortalecimento dos nossos sucos e dos nossos municípios, criando as condições necessárias para o estabelecimento de autarquias locais e a legitimação pelo voto daqueles que localmente pretendem liderar os processos de desenvolvimento local", sublinha o Governo.

"A participação cívica nos processos de desenvolvimento é por nós considerada importante, assim como o será a legitimidade e responsabilização dos dirigentes locais através do voto popular", refere ainda.

ASP//GC – Foto em ANTIL

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