Díli,
09 jan (Lusa) - A companhia aérea Air Timor - que suspendeu a partir de
terça-feira a rota entre Díli e Denpasar (Indonésia) - responsabilizou hoje o
Governo por decisões que levaram a empresa a perdas de 3 milhões de dólares no
último ano.
Em
concreto, explica a empresa em comunicado, a decisão de conceder a uma terceira
empresa a licença para voar para Díli levou a uma situação de sobrecapacidade
na rota, a taxas de ocupação de menos de 50% e a consequentes perdas diárias de
10 mil dólares.
"Ao
longo dos últimos oito anos, construímos uma das melhores empresas de Timor,
fomos um grande contribuinte e apoiante do Turismo e do Governo", refere
Abessy Bento, diretor da Air Timor.
"Num
ano a política do governo destruiu-nos", sublinha.
Inácio
Moreira, vice-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações - que é
referido por nome na nota da Air Timor - rejeitou à Lusa qualquer
responsabilidade sua ou do Governo no que considera ser "problemas
internos de uma empresa privada".
"A
Air Timor é uma empresa privada e o Governo não tem responsabilidade por
empresas privadas, apenas trata das regulações. Não há qualquer
responsabilidade do Governo nesta matéria", disse.
"Em
Timor-Leste há mercado livre e eu ou qualquer pessoa do Governo não podemos
interferir nisto. O Governo não pode interferir. Eles têm problemas internos,
incluindo incapacidade de gestão e não podem vir aqui acusar o Governo de
responsabilidade", disse.
Na
nota a Air Timor explica que em janeiro do ano passado a empresa tinha
registado o seu maior lucro de sempre - 940 mil dólares - com uma liquidez
acumulada de 1,5 milhões de dólares, tendo decidido iniciar voos para Darwin e
aumentar as ligações até Singapura para quatro por semana".
No
entanto, explica, a decisão do Governo conceder no final de 2015 licença de
operação à NAM Air (subsidiária da Sriwijaya, que já efetuava voos entre
Timor-Leste e Bali) levou a excessiva capacidade na rota.
"Havia
tantos lugares disponíveis em comparação com a demanda do mercado que as três
companhias aéreas só conseguiam atingir cerca de 50% ou menos de ocupação. As
companhias aéreas geralmente precisam de 70% para o ponto de equilíbrio",
refere.
Isso
levou a uma queda das tarifas para 70 dólares por percurso (setor), "muito
abaixo dos preços normais do mercado", com a NAM Air a
"despejar" passageiros na Sriwijaya em dias de baixa procura e a Air
Timor a ter que arrecadar capital para cobrir as "enormes perdas de 10 mil
dólares por dia".
"As
perdas da Air Timor em dezembro de 2016 já ultrapassam 3 milhões de dólares.
Abessy
Bento refere que a empresa "gastou milhões de dólares para criar a Air
Timor como companhia aérea timorense local, formou pessoal local no exterior e
tentou construir uma companhia aérea de que Timor se poderia orgulhar".
A
empresa é particularmente crítica da política que diz ter sido adotada pelo
vice-ministro dos Transportes, Inácio Moreira, que " permitiu que a NAM e
a Sriwijaya operassem aeronaves com até 22 anos" de vida.
"Em
abril de 2016, o vice-ministro solicitou à Air Timor que começasse a operar com
um novo Airbus A320 a partir de junho, já que sua aeronave existente tinha 18
anos e não era confiável. Afirmou que as outras duas companhias aéreas também
cumpriram e que os voos da NAM seriam interrompidos. A Air Timor respeitou, mas
as outras empresas não", refere a Air Timor.
"A
política atual do governo de só apoiar empresas indonésias e não apoiar uma
companhia aérea local que emprega timorenses está errada", explica.
A
Air Timor explica que o Governo decidiu renovar a licença para a NAM para 2017,
o que representaria "perdas adicionais", pelo que tomou a decisão de
suspender as ligações diárias que mantinha com Bali.
"O
público timorense é agora deixado com um monopólio: uma empresa agora controla
a rota que opera aeronaves com mais de 22 anos", explica.
A
Air Timor nota ainda que os baixos preços na rota para Bali atribui parte dos
passageiros que viajavam entre Díli e Singapura (para estabelecer depois
ligações a outros destinos) pelo que também reduziu de três para dois os voos
por semana entre os dois países.
ASP
// DM
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