Díli,
09 jan (Lusa) - Timor-Leste e a Austrália estão empenhados e a negociar de boa
vontade para chegar a um acordo sobre uma solução definitiva para as fronteiras
marítimas entre os dois países, disse à Lusa o ministro dos Negócios
Estrangeiros timorense.
"Estamos
a participar positivamente no processo no seu todo. Pode haver sempre algumas
dificuldades técnicas mas podemos notar a boa vontade entre as duas partes para
ultrapassar o impasse e avançar para encontrar uma solução definitiva para este
processo", disse Hernâni Coelho, em declarações à Lusa em Díli.
Os
comentários do chefe da diplomacia timorense surgem depois dos Governos
timorense e australiano emitirem um comunicado conjunto - subscrito ainda pela
Comissão de Conciliação da ONU que está a mediar entre as partes - sobre a
suspensão do tratado que desde 2006 rege a região fronteiriça em disputa, no
Mar de Timor.
Timor-Leste
e a Austrália confirmaram hoje a suspensão do Tratado sobre Determinados
Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS na sua sigla em inglês), tendo Díli
notificado já Camberra dessa intenção que será agora formalizada por uma
decisão do Parlamento Nacional timorense.
"O
Governo de Timor-Leste decidiu entregar ao Governo da Austrália uma notificação
escrita do seu desejo de pôr termo ao Tratado de 2006 sobre Determinados
Ajustes Marítimos no Mar de Timor, nos termos do n.º 2 do artigo 12.º desse
tratado", refere a nota conjunta enviada à Lusa.
"O
Governo da Austrália tomou nota deste desejo e reconhece que Timor-Leste tem o
direito de iniciar a cessação do tratado. Por conseguinte, o Tratado relativo a
certas disposições marítimas no mar de Timor cessará de vigorar a partir de
três meses a contar da data dessa notificação", sublinha.
Hernâni
Coelho disse que sempre se manteve "otimista" sobre este processo em
que Timor-Leste está a trabalhar "com um espírito de otimismo e
confiança", recordando que a Austrália é "um grande país com um
importante papel na região".
O
ministro disse que a suspensão do CMATS se insere num "pacote integrado de
medidas para facilitar o processo de negociação da delimitação definitiva das
fronteiras" acordado, sob auspícios da Comissão de Conciliação, entre os
dois países.
O
próprio tratado, recorda, previa a sua suspensão por falta de eficácia sendo
que "depois de seis anos não foi aprovado qualquer projeto para exploração
no Mar de Timor".
Timor-Leste
tinha anunciado, na primeira sessão da comissão de conciliação, em agosto em
Haia, a intenção de suspender o CMATS por considerar que o acordo não cumpriu o
seu objetivo.
Díli
já tinha, antes disso, declarado o acordo inválido devido a atividades de
espionagem por parte da Austrália.
A
Austrália, sob cobertura de um programa de ajuda humanitária, instalou
equipamento de escuta nos gabinetes de membros do Governo timorense, gravando
conversas sobre os negociadores timorenses envolvidos na preparação do CMATS.
Questionado
sobre essa questão da espionagem, Hernâni Coelho escusou-se a tecer comentários
específicos, recordando que "houve um entendimento entre as partes sobre a
necessidade de criar as condições para ultrapassar o impasse".
"Há
um entendimento de boa vontade entre os dois Estados para poder dar andamento
ao processo em si. Esse processo para terminar o acordo do CMATS é uma parte.
Há um pacote integrado de medidas, e não vou entrar nos detalhes mais
específicos", disse.
"Além
disso, os dois Governos estão empenhados e comprometidos em manter a
estabilidade das atividades económicas no Mar de Timor, e por isso mantém-se em
vigor a parte original do Tratado do Mar de Timor, antes das alterações que
resultaram do tratado de CMATS em si", frisou.
ASP
// DM
1 comentário:
É com grande satisfação que possa haver um bom entendimento entre Governos da Austrália e Timor Leste, acerca da exploração do petróleo, com a justa divisão das fronteiras.
Há muito tem Timor sido lesado por uma má política na divisão injusta da fronteira marítima entre os dois países, favorecendo aquele que menos necessidade tem daquela riqueza, da qual só parte lhe é dada pertencer. Uma injustiça cometida no tempo do então governo australiano, influenciado pela Indonésia.
Justiça e bom entendimento é o que Timor-Leste e seu indigente povo mais necessitam, para a reconstrução do seu jovem país, muito especialmente no que se refere à Saúde, além de outras de primeira necessidade, reconhecidas pelo Povo Australiano.
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