Deputado
PS João Soares contesta escolha de Pereira Gomes para 'secretas' em Portugal
O
deputado e ex-ministro socialista português João Soares defendeu hoje que o
embaixador José Júlio Pereira Gomes deveria “renunciar já” à nomeação para
secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).
“O
senhor embaixador Pereira Gomes deveria renunciar, já, à possibilidade de vir a
ocupar tal cargo. Facilitando ao senhor primeiro-ministro a tarefa de escolha
de alguém para exercer aquelas funções”, escreveu João Soares na sua conta na
rede social Facebook.
Para
João Soares, o diplomata, cuja nomeação é contestada pela ex-embaixadora de
Portugal em Jacarta Ana Gomes, “não teve, infelizmente, um comportamento
exemplar durante a crise timorense, bem pelo contrário”.
“Na
minha opinião, o senhor embaixador Pereira Gomes não ‘quis protelar a decisão
de partir [de Timor-Leste] até ao último momento’, bem pelo contrário”,
acrescentou, citando, para o efeito, os testemunhos de dois jornalistas,
Luciano Alvarez e José Vegar.
O
deputado e ex-ministro da Cultura de Portugal justificou esta posição também
pela experiência de ter desempenhado, durante três anos, as funções de membro
do Conselho de Fiscalização do SIRP, afirmando que respeita e admira o trabalho
dos oficiais de informações dos serviços.
Na
quinta-feira, a ex-embaixadora de Portugal em Jacarta e atual eurodeputada do
PS Ana Gomes afirmou ao DN que ficou "muito surpreendida e
apreensiva" com a escolha de Pereira Gomes pelo abandono de Timor-Leste em
1999, onde era chefe de missão portuguesa de observação.
Ana
Gomes referiu que, "não estando em causa o percurso profissional, falta a
Pereira Gomes o perfil psicológico".
"Tenho
dúvidas de que o embaixador Pereira Gomes tenha capacidade para aguentar
situações de grande pressão. Não inspira confiança e autoridade junto dos seus
subordinados nos serviços de informações", disse a eurodeputada,
adiantando que já informou "quem de direito" do porquê da sua
"apreensão".
Horas
depois, o diplomata português reafirmou, numa carta ao DN, que deixou Díli por
ordem do Governo.
No
dia seguinte, o Público noticiou a apreensão do PSD, que tinha sido previamente
consultado pelo primeiro-ministro português, António Costa, com a escolha de
Pereira Gomes.
Ainda
na sexta-feira, o primeiro-ministro português, António Costa, manifestou
confiança no diplomata para o desempenho das funções de secretário-geral das
‘secretas’ de Portugal, explicando que foi isso que o levou a convidá-lo para o
cargo.
No
sábado, o líder do PSD de Portugal, Pedro Passos Coelho, disse que o partido
está atento às objeções que tem merecido a escolha do novo chefe das
'secretas', mas sublinhou não querer acrescentar nada que possa "adensar a
polémica".
Já
hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu que o novo
secretário-geral do Serviço de Informações é uma “muito boa escolha” e
mostrou-se confiante em que “todos os esclarecimentos serão dados” e “todas as
questões serão esclarecidas”.
“Na
minha opinião [José Júlio Pereira Gomes] é uma muito boa escolha [para
secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa] e agora
aguardamos tranquilamente a audição parlamentar”, disse Augusto Santos Silva à
margem de um simpósio em que participou em Madrid.
O
responsável governamental confirmou que o seu Ministério recebeu “no início
desta semana” um pedido de informação da Comissão Parlamentar de Assuntos
Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias sobre o chefe indigitado das
'secretas' portuguesas, estando os serviços que tutela “a proceder à pesquisa
sobre os documentos, para serem entregues à Assembleia da República
portuguesa”.
SAPO
TL com Lusa | Título PG
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