Jacarta, 29 jan (Lusa) - A
polícia indonésia deteve 12 transexuais na província de Aceh, a única onde
vigora a lei islâmica ("sharia"), aos quais cortou o cabelo e obrigou
a vestir roupa masculina, denunciaram hoje ativistas.
Dezenas de agentes da polícia
local e islâmica efetuaram as detenções no sábado à noite em cinco salões de
beleza do distrito Aceh Norte, no norte da ilha de Samatra, disse um ativista da
defesa dos direitos LGBT (Lésbicas, gays, bisexuais e transexuais).
Os detidos foram libertados no
domingo, acrescentou a mesma fonte, que pediu o anonimato. No mesmo contacto
telefónico com a agência noticiosa espanhola EFE, a fonte acrescentou que as 12
pessoas "estão a recuperar do trauma sofrido".
O chefe da polícia de Aceh Norte,
Ahmad Untung, qualificou os transexuais como "uma ameaça pior que
terroristas" e disse que a polícia atuou por estarem a incomodar os
residentes com um comportamento "contrário à 'sharia' e à natureza
humana", de acordo com declarações prestadas ao portal Kliksatu.com.
Aceh, província que aprovou em
2002 a aplicação da lei islâmica, criminaliza as relações homossexuais e
condena os infratores a castigos corporais, que podem chegar até 100
bastonadas.
Pelo menos 527 pessoas foram
espancadas em Aceh desde 2016 até outubro passado, por infrações como apostar,
consumo de álcool ou adultério, entre outras, de acordo com o centro de
investigação indonésio Institute for Criminal Justice Reform.
No ano passado e pela primeira
vez, dois homens foram condenados a serem açoitados em público por manterem
relações homossexuais.
Embora Aceh seja a única
província do arquipélago que aplica a "sharia", organizações
não-governamentais (ONG) e ativistas denunciaram um aumento da repressão contra
a comunidade LGBT na Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo.
EJ // SB
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