sábado, 17 de fevereiro de 2018

Deputado pró-democracia de Macau apresenta pedido para recorrer de suspensão de mandato


Macau, China, 16 fev (Lusa) - O deputado pró-democracia Sulu Sou já entregou o pedido para recorrer junto do Tribunal de Última Instância (TUI) de Macau da decisão de suspensão do mandato, tomada em dezembro pela Assembleia Legislativa (AL).

No início de fevereiro, o Tribunal de Segunda Instância (TSI) entendeu que nenhum tribunal do território tinha competência para se pronunciar sobre atos políticos, considerando improcedente o recurso apresentado então pelo deputado Sulu Sou sobre a suspensão de mandato decretada pela AL.

Na decisão, o TSI considerou que não ia apreciar o recurso de contencioso interposto pelo deputado para clarificar se foram respeitadas as regras relativas ao processo que conduziu à suspensão do seu mandato pela AL, incluindo o seu direito de defesa.

"Apresentámos esta semana o pedido de recurso" da decisão do TSI, indicou Sulu Sou, numa mensagem enviada à Lusa.

"De acordo com os procedimentos, antes de apresentarmos o recurso ao TUI, temos de manifestar ao TSI a nossa vontade de recorrer e obter a sua aprovação", explicou.
Sulu Sou remeteu declarações sobre "os argumentos relativos ao pedido" para depois da aprovação do recurso pelo TSI.

No acórdão do TSI lê-se que "a deliberação do plenário [AL] em apreço não é ato administrativo, visto que não foi proveniente de nenhum órgão da Administração e no exercício de uma função administrativa ou no quadro de uma atuação da administração pública em sentido material. Foi, em vez disso, praticado por um órgão eminentemente legislativo com um enquadramento político".

O TSI considerou ainda que a deliberação "não lhe é lesiva" [a Sulu Sou], uma vez que este não deixou de ser deputado, mantendo "a sua situação remuneratória".

"A deliberação do plenário não afetou a esfera do seu conjunto de direitos e deveres, enquanto cidadão e administrado, a qual, como bem se sabe, está a montante da qualidade de deputado e dela é, aliás, independente", sublinhou.

A decisão de suspender o deputado pró-democracia permitiu o julgamento do parlamentar, acusado do crime de desobediência qualificada na sequência de um protesto em 2016.

A 16 de janeiro, o Tribunal Judicial de Base (primeira instância) adiou o julgamento do deputado, até que o TSI se pronunciasse sobre as ações apresentadas pela defesa de Sulu Sou, a cargo do advogado Jorge Menezes.

Em causa no processo judicial, em que também é arguido Scott Chiang, então presidente da Novo Macau, está o protesto de 15 de maio de 2016, convocado pela associação contra a atribuição, por parte da Fundação Macau, de um subsídio de 100 milhões de renmimbis (13,7 milhões de euros ao câmbio da altura) à Universidade de Jinan, na China.

O mais jovem deputado de Macau, de 26 anos, conquistou um assento no hemiciclo nas eleições de setembro por via de uma lista afiliada daquela que é a maior associação pró-democracia do território, a Novo Macau.

EJ // PJA

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