Mário Motta* | Lisboa
Comemora-se hoje o 25 de Abril de
1974. Esse. Porque os seguintes, de ano para ano que passou, tiveram sempre
muito menos razão para se comemorar. A PIDE assassina e torturadora não foi
julgada, muitos outros salazaristas e fascistas não foram julgados, muitos
empresários do mesmo jaez limitaram-se a abandonar o país indo para o Brasil da
ditadura dos coronéis e outros países em que o fascismo, encapotado ou não,
lhes garantia bem-estar, impunidade, e prosseguimento das suas técnicas de
exploração parasitária dos povos - em que assenta o capitalismo selvagem e
escabroso. Esses, salazaristas e fascistas, reformularam-se e com o tempo
regressaram, impunes, e tomaram os seus pequenos ou grandes impérios com o
beneplácito dos partidos de direita no poder. Então já no poder. E a exploração
continuou, continua. A direita tudo faz para continuar a regressar a esses
tempos desbragados da exploração, semeando a fome e a miséria seja onde for. Em
Portugal também. E não é pouco. Cria os chamados lobies, que ajeitam leis e
regulamentações a partir da Assembleia da República, do legislador, comprando
deputados, comprando dirigentes políticos influentes, comprando os poderes e
políticos inescrupulosos, mantendo um regime avançado de exploração e
repressão, de manipulação a partir dos órgãos de comunicação social que possui
em grupos cartelizados. Tudo a funcionar sob a capa da falsa democracia. O
resultado é um terço da população portuguesa na miséria e na pobreza, com a
fome por certa e a dignidade de rastos…
Não. Não é este o 25 de Abril que
comemoramos. É o que em 1974 foi desenhado como rumo à liberdade, à justiça, à
democracia de facto e não a que falsamente nos querem impingir e é exercida e
controlada por políticos, empresários, banqueiros, judiciários e outros setores
e elementos da sociedade comprovadamente ladrões, criminosos de fuga de
capitais obtidos pela exploração desbragada e breu de negócios, por corruptos,
nepotistas e de seitas indesejáveis a um Estado de Direito efetivamente
democrático, cumpridor dos Direitos Humanos de que Portugal é signatário na
ONU.
Não. Não é este 25 de Abril de
hoje que comemoramos. É o de 1974. Os restantes, de ano para ano, definharam.
Estão a vender-nos gato por lebre.
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