Redação, 27 jul (Lusa) - Um dos
líderes da oposição na Guiné Equatorial considerou hoje a 6.ª Mesa de Diálogo
Nacional convocada pelo Presidente um "completo fracasso" e que
apenas serviu para "lavar a imagem" de Obiang, o chefe de Estado e
líder do regime.
Em declarações à agência Lusa,
Raimundo Ela Nsang, secretário-geral da Coligação Restauradora de um Estado
Democrático (CORED), criticou a iniciativa e pediu mais pressão política por
parte da comunidade internacional sobre Teodoro Obiang Nguema, que governa o
país desde a década de 1970 sob várias acusações de violação dos direitos
humanos.
"Foi um completo fracasso.
Esperamos que a comunidade internacional tome uma ação sobre o que aconteceu,
porque Obiang assinou uma lei de amnistia que não respeitou", disse Nsang
numa conversa telefónica feita a partir de França, onde está exilado.
O secretário-geral da CORED foi
contactado pelo embaixador da Guiné Equatorial em França, a pedido do Governo
de Malabo, para discutir a participação da estrutura através de
videoconferência.
Nos documentos que acompanham um
comunicado divulgado pela CORED, as duas partes confirmaram a presença numa
reunião em Paris, mas o embaixador Miguel Oyono Ndong Mifumu acabou por não
comparecer, algo que a coligação acredita ter sido por ordem de Malabo.
Não havendo acordos para a
participação de exilados, a oposição na Mesa de Diálogo Nacional viu-se
enfraquecida, devido ao elevado número de presos políticos.
Quando anunciou as negociações
com a oposição, Obiang prometeu uma amnistia aos presos políticos no país, uma
medida que acabou por não cumprir, tendo apenas libertado, durante o diálogo,
um dos detidos a pedido de um partido político.
Raimundo Ela Nsang censurou ainda
a detenção de dez funcionários do Ministério da Justiça, entre os quais quatro
magistrados, que ficaram detidos durante mais de 72 horas sem nenhuma acusação
formal.
Um dos magistrados, José Esono
Ndong Bidang, acabou por morrer no dia 21, devido à recusa de assistência
médica.
"Como se pode tolerar que um
senhor que disse querer a normalização política num país, tenha estes
comportamentos?" - perguntou Nsang.
De acordo com o líder da CORED, a
coligação lançou a Iniciativa por um Governo Alternativo e Democrático (IGAD),
uma iniciativa que pretende desempenhar um papel na mobilização nacional e
internacional contra o regime de Obiang.
"Utilizaremos as novas
tecnologias de Internet e aplicações de telemóvel para comunicar de uma maneira
claríssima e que não possa ser bloqueada", anunciou.
Raimundo Ela Nsang indicou ainda
que está a juntar intelectuais naturais do país, mas que estão na diáspora, não
só para pressionar Obiang, mas também para a construção de uma alternativa
política.
"Esta é uma iniciativa que
queremos que junte políticos, intelectuais, tanto da Guiné Equatorial como do estrangeiro,
jornalistas, todos os que possam apoiar a iniciativa para mostrar ao mundo que
Obiang já não merece confiança e que se deixarmos o país ir pela direção que
está a tomar, se afunda", concluiu.
A Guiné Equatorial, país com
cerca de um milhão de habitantes, é dirigida desde agosto de 1979 por Teodoro
Obiang Nguema Mbasogo, que detém o recorde de longevidade no poder em África.
Teodoro Obiang foi reeleito em
2016 com mais de 90% dos votos para um quinto mandato de sete anos.
O Governo da Guiné Equatorial é
acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos
direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.
Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste são os Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP)
JYO (JH) // PJA
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