Phnom Penh, 27 jul (Lusa) - O
Camboja celebra no próximo domingo eleições gerais, com o partido no poder como
principal favorito, depois da dissolução, em 2017, da única formação credível
de oposição.
Todas as sondagens apontam para a
vitória, com maioria absoluta, do Partido do Povo do Camboja (PPC) irá obter a
maioria, uma vez que a principal força de oposição, o Partido do Resgate
Nacional do Camboja (PRNC), foi dissolvido no ano passado, na sequência de uma
ordem judicial, considerada por vários observadores como uma manobra política
do partido no poder.
O PRNC ameaçou a hegemonia do PPC
nas eleições legislativas de 2013, quando recolheu 44% dos votos, o que
resultou numa resposta dura do Governo através dos tribunais.
O primeiro-ministro cambojano,
Hun Sen, acusou o atual líder do PRNC, Kem Sokha, de ter conspirado com
estrangeiros para o derrubar, e seguiu com a dissolução do partido e a
proibição de atividade política por cinco anos a 118 membros.
A campanha de intimidação
iniciada então levou a que os Estados Unidos e a União Europeia (UE)
questionassem a legitimidade e retirassem os observadores das eleições e
ameaçassem o país com sanções económicas.
"As eleições não são mais do
que uma farsa orquestrada por Hun Sen que quer concorrer sem adversários",
assegurou Mu Sochua, ex-deputada do PRNC no exílio, à agência de notícias
espanhola EFE.
"As eleições deviam ser a
culminação de um processo democrático. Estas não são tal coisa. O processo
democrático foi completamente desfigurado até ser irreconhecível", afirmou
Sophal Ear, refugiado do Camboja e professor associado na Occidental College
nos Estados Unidos.
Hun Sen visa agora alargar
durante mais dez anos o seu mandato iniciado em 1985, reivindicando a paz
presente no país e o forte crescimento económico da última década.
"Construímos esta nação
desde o zero e o PPC vai assegurar-se de que o país não volte à destruição. A
partir de agora só haverá paz e progresso. Cuidaremos de Camboja para
sempre", escreveu Hun Sen na sua página do Facebook, na semana passada.
Estas serão as sextas eleições
desde que a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a primeira votação
democrática em 1993, durante a paz que pôs fim a duas décadas de guerra civil
entre várias fações, entre elas o Khmer vermelho, uma organização maoista
dirigida por Pol Pot, que governou o país entre 1975 e 1979.
Quando chegou ao poder em 1985,
Hun Sen, um antigo 'Khmer Vermelho' que contribuiu para o derrubamento do
regime de Pol Pot, pacificou grande parte do país e apostou nas negociações de
paz encabeçadas pela ONU, que resultaram nos acordos de paz de Paris, 1991.
As denúncias de corrupção,
manipulação de instituições e intimidação de oponentes foram uma constante
durante o seu longo mandato, no qual combinou atos de repressão com ações de
consenso.
O alinhamento com Pequim e a
entrada massiva de capital chinês tornaram o Camboja independente da ajuda
económica do Ocidente e da pressão exercida sobre Phnom Penh.
"A democracia terminou no
Camboja e o país dirige-se para um Estado de partido único e uma nova ordem
autoritária inédita desde 1992", assegura Sophal Ear.
BZP/PJA // PJA
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