Díli, 25 out (Lusa) - A pobreza e
a insegurança alimentar em Timor-Leste são a causa do elevado índice de nanismo
infantil, que atinge mais de mais de metade das crianças, declarou hoje o
ex-primeiro-ministro Rui Araújo.
"A má nutrição e o nanismo
têm uma causa de base importante: a pobreza", disse Rui Araújo, que também
ocupou a pasta da Saúde.
"Muitas famílias no país não
conseguem pagar três refeições por dia e a produção alimentar no país não é
suficiente", afirmou.
Rui Araújo notou que os dados
mostram que mais de 50% das crianças até aos 5 anos de idade têm nanismo, mas
que o problema da nutrição não pode ser apenas analisado "em termos de
grupos etários".
"Se temos uma geração com
nanismo, no futuro, teremos uma economia com nanismo. Temos de olhar para isto
de forma mais holística", afirmou.
"A produção alimentar entre
2008 e 2016 desceu. Importamos muito arroz. E como sabemos a alimentação base é
o arroz. Claro que a qualidade alimentar e uma dieta pobre afetam, mas a
disponibilidade de alimentos é crucial", explicou.
O ex-chefe do Governo considerou
essencial combater a insegurança alimentar e procurar estratégias integradas
que ajudem a resolver o problema base.
"Podemos pedir mais à
educação, à saúde, à solidariedade social, mas temos que forçar a agenda de combate
à insegurança alimentar no país. Se não, estaremos sempre com esta
conversa", afirmou.
Cerca de 30,3% dos timorenses
continuam a viver em pobreza extrema, com menos de 1,9 dólares por dia (um euro
e setenta cêntimos),segundo critérios internacionais, um valor elevado apesar
das melhorias registadas na última década. No ano passado, 47,2% viviam em
pobreza extrema.
Esse valor é ainda maior se for
tida em conta a linha nacional de pobreza, que subiu de 25,14 dólares para
46,37 dólares, por pessoa por mês, no mesmo período, e afetava em 2014 cerca de
41,8% dos timorenses.
A estimativa é de que a
prevalência de nanismo era de 51% em 2017, segundo informação oficial.
ASP // MIM
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