quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Comissão de inquérito parlamentar timorense sobre projetos de obras toma posse


Díli, 30 out (Lusa) - Os 11 membros de uma comissão de inquérito parlamentar timorense a um conjunto de polémicos projetos, avaliados em cerca de 350 milhões de dólares (307 milhões de euros) e aprovados dias antes das eleições de 2017, tomaram hoje posse.

A comissão foi solicitada pelas bancadas da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e do Partido Democrático (PD), na oposição, que querem apurar mais dados sobre os mais de 140 projetos.

Antoninho Bianco (Fretilin) preside à comissão, Adriano do Nascimento (PD) é o vice-presidente e Maria Anabela Silva (Fretilin) é a secretária, fazendo ainda parte do grupo de 11 deputados das três bancadas do Governo: Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Partido Libertação Popular (PLP) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).

Este mês a Fretilin tinha contestado a demora na criação da comissão parlamentar, acusando a mesa de dificultar o processo.

Em causa estão 142 projetos de valores variados - que no total representam um custo de cerca de 350 milhões de dólares - e que foram assinados por vários ministros do VI Governo dias antes das eleições legislativas de 2017.

O Orçamento Geral do Estado prevê que esses projetos - de estradas e pontes - tenham uma injeção financeira de 13 milhões de dólares este ano, mas de mais de 280 milhões de Dólares em 2019.

"O Inquérito Parlamentar em causa é muito importante porque [o que está em causa] envolve dinheiro do Estado e procedimentos legais. Antes de qualquer pagamento para estes projetos ser feito, deve-se verificar a legalidade do processo de adjudicação", defendeu Francisco Branco, vice-presidente da bancada da Fretilin.

"Nós não compreendemos o porquê desta tentativa de fechar as portas para o processo deste inquérito parlamentar, que apenas procura garantir que todas as decisões sejam feitas de acordo com as leis em vigor", sublinhou.

A Fretilin considera que a adjudicação dos projetos inclui "medidas diversas, tomadas pelos ministros de forma a evitar a intervenção da Câmara de Contas", nomeadamente dividir projetos de obras para ficarem abaixo dos cinco milhões de dólares.

Desde 2013 a partir desse valor a lei sobre Orçamento e Gestão Financeira obriga os projetos a terem visto prévio da Câmara de Contas.

A comissão de inquérito foi pedida a 07 de setembro pelas bancadas da Fretilin e do Partido Democrático (PD).

A lei determina um prazo máximo de 60 dias que pode ser, mediante requerimento fundamentado, alargado por mais 30 dias com autorização do plenário.

As comissões, sobre as quais é obrigatório o sigilo, "gozam dos poderes de investigação das autoridades judiciais que a estas não estejam constitucionalmente reservados".

Têm direito à "coadjuvação das autoridades judiciárias, dos órgãos da polícia criminal e das autoridades administrativas" e podem solicitar informações e documentos ao Governo, às autoridades judiciárias, aos órgãos da Administração Pública ou a entidades privadas.

ASP // SB

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