Hong Kong, China, 10 ago 2020
(Lusa) - O empresário e uma das principais figuras do movimento pró-democracia
de Hong Kong Jimmy Lai foi hoje detido ao abrigo da nova lei de segurança
nacional, anunciaram um colaborador e uma fonte policial.
"Foi detido em casa, cerca
das 07:00 (00:00 em Lisboa). Os nossos advogados estão a caminho da
esquadra", disse à agência de notícias France-Presse (AFP) Mark Simon, um
dos colaboradores de Lai.
Simon acrescentou que outros
membros do grupo de comunicação social dirigido por Jimmy Lai também tinham
sido detidos.
Momentos antes, na rede social
Twitter, Mark Simon tinha anunciado: "Jimmy Lai está agora a ser detido por
conluio com potências estrangeiras".
Um responsável da polícia disse,
a coberto do anonimato, à AFP que Lai foi detido por conluio com forças
estrangeiras, um dos crimes previstos na nova lei de segurança nacional, e por
fraude.
Através do Twitter, Mark Simon
indicou ainda que a polícia estava a fazer buscas na casa de Lai e na do filho.
Jimmy Lai, de 72 anos, é o
proprietário de duas publicações pró-democracia e frequentemente críticas de
Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.
Visto por numerosos habitantes de
Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy
Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como "um
traidor", que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na
região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar
com nações estrangeiras para prejudicar a China.
Em meados de junho, duas semanas
antes de ser aprovada a nova lei de segurança nacional, Jimmy Lai disse à AFP
esperar a detenção.
"Estou pronto para ir para a
prisão. Se isso acontecer, terei oportunidade de ler livros que ainda não li. A
única coisa que posso fazer é ser positivo", afirmou.
Para o empresário, a nova lei
"vai substituir" o regime legal de Hong Kong e "destruir o
estatuto financeiro internacional" da cidade.
A lei da segurança nacional
criminaliza atos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio
com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.
O documento entrou em vigor em 30
de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência
em Hong Kong ,
abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas
democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram
à detenção de mais de nove mil pessoas.
Hong Kong regressou à soberania
da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia
a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no
resto do país, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas",
também aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.
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