terça-feira, 6 de outubro de 2020

Arquidiocese de Díli pede desculpa por críticas a investigação de pedofilia

O arcebispo de Díli pediu desculpa pelas críticas e acusações aos envolvidos na investigação a um ex-padre acusado de pedofilia e pornografia infantil em Timor-Leste, reafirmando o apoio total às vítimas.

"A Arquidiocese de Díli tem total confiança nas autoridades judiciais e policiais do Estado, incluindo as que estão envolvidas no caso do senhor Richard Daschbach", disse em conferência de imprensa o arcebispo de Díli, Virgílio do Carmo da Silva.

"Em nome da Arquidiocese de Díli, quero pedir desculpa pelas acusações e alegações que atingiram as pessoas envolvidas na investigação. A Igreja quer dar o seu apoio e ajuda às vítimas declaradas pelas autoridades policiais", afirmou.

O arcebispo de Díli reagia à polémica causada nas redes sociais, na sequência do anúncio do Ministério Público (MP) de que tinha deduzido acusação contra Dashbach, com críticas e ataques a jornalistas e a organizações que têm apoiado as vítimas, em alguns casos feitos por membros do clero timorense.

Virgílio da Silva pediu ainda desculpa pelos "comportamentos que levaram a desentendimentos neste caso", distanciando-se igualmente de um polémico relatório da Comissão de Justiça e Paz, da Arquidiocese de Díli, sobre o caso.

O prelado anunciou a exoneração do diretor da Comissão e autor do relatório, padre Hermínio de Fátima Gonçalves, considerando que o documento "não reflete a opinião do arcebispo e vai além da competência da Comissão".

O polémico relatório, que inclui dados das alegadas vítimas, tentou desviar todas a responsabilidade do ex-padre, procurando acusar as autoridades judiciais e policiais timorenses e as organizações que têm apoiado as vítimas de "abuso sexual coletivo" por alegadamente terem realizado exames forenses e audições às vítimas.

Origem do caso

O ex-padre norte-americano, acusado de abuso de crianças e pornografia infantil em Timor-Leste, começou a ser investigado em setembro de 2016 pelo Vaticano, mas só foi afastado do local onde alegadamente cometeu os crimes três anos depois.

Documentos a que a Lusa teve acesso mostram que a Congregação da Doutrina da Fé, do Vaticano, esteve a investigar o caso, que envolve o ex-padre Richard Daschbach, entre setembro de 2016 e outubro de 2018, altura em que decretou a "punição vitalícia" e expulsão do sacerdócio.

Os documentos indiciam que a investigação terá começado ainda antes, já que a data de setembro de 2016 é a que marca a entrada na Congregação da Doutrina da Fé de um primeiro relatório sobre o caso.

O ex-padre Richard Daschbach, de 82 anos, está em prisão domiciliária em Díli e é acusado de abusar de pelo menos duas dezenas de crianças no orfanato onde trabalhava, o Topu Honis.

RTP com Lusa

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