Díli,
06 jun (Lusa) - A multinacional petrolífera Conoco Phillips espera em 2017
ligar quatro novos poços ao campo de Bayu Undan, no Mar de Timor, que
permitirão ampliar a vida do projeto mais dois anos, até 2022, disse hoje um
responsável da empresa.
José
Lobato explicou que a ampliação do projeto, que está na Área Conjunta de
Desenvolvimento Petrolífero (ACDP) - abrangido pelos acordos entre Timor-Leste
e Austrália - representará um investimento de entre 700 e 800 milhões de
dólares.
"Se
não adicionarmos mais poços então a previsão é de que a produção parará em
2020", explicou.
Numa
intervenção numa conferência de investimento em Díli, José Lobato referiu que a
ampliação se deve ao facto de o tamanho do campo ser 25% superior ao que
estimado no arranque do projeto, em 1995, quando o Bayu Undan foi descoberto.
José
Lobato explicou que a empresa está a negociar com as partes, incluindo as
autoridades timorenses, de quem espera ter até final do ano as autorizações
para avançar com as perfurações adicionais.
Um
dos desafios da ampliação reside nas dificuldades em transportar o gás nos
últimos anos através do gasoduto para Darwin, na Austrália, já que pode não
haver a pressão necessária.
Se
os novos poços forem perfurados, a produção pode crescer mais de 50% em 2019 e
quadruplicar em 2020, acrescentando produção adicional nos dois últimos anos,
2021 e 2022.
José
Lobato recordou os condicionalismos do mercado, com preços baixos de crude, mas
sublinhou que ainda há condições para alargar a vida de um projeto que tem sido
de grande significado para Timor-Leste.
As
previsões iniciais apontavam para receitas para Timor-Leste de entre 2,5 e 3
mil milhões de dólares durante a vida do projeto, mas até ao momento
"ultrapassaram os 17 mil milhões de dólares", faltado ainda vários
anos de vida, referiu.
"Foi
um grande projeto para Timor-Leste", sublinhou José Lobato.
O
responsável da Conoco Phillips em Timor-Leste recordou os processos de
negociação com Díli e Camberra para o Bayu Undan, especialmente depois do
referendo que substituiu a Indonésia por Timor-Leste como uma das partes.
Timor-Leste
comprometeu-se a honrar o contrato e incluiu uma provisão tributária que se
tornou particularmente significativa, especialmente porque foi negociada numa
altura de preços baixos do crude.
Díli
reduziu a taxa de impostos, o que deu mais espaço financeiro à Conoco para
desenvolver outros componentes do projeto, levando a maiores receitas para
Timor-Leste.
Ainda
que tenha sido uma boa fonte de receitas para Timor-Leste, o campo não tem sido
uma grande fonte de trabalho para timorenses, já que este é um setor de pouca
intensidade laboral.
Segundo
referiu José Lobato, o projeto empregava no final do ano passado cerca de 280
timorenses. Eram 78 em 2002, quando Timor-Leste restaurou a sua independência.
Muito
mais impacto, em termos de emprego, teve um dos projetos financiados pela
Conoco, de desenvolvimento de sistemas de horticultura, que custou apenas dois
milhões de dólares.
"Esse
projeto, em três anos, criou rendimento sustentável para 500 pessoas.
Demonstrando que o petróleo e gás natural têm sido uma grande fonte de receitas
mas não é uma boa solução para o emprego no país", disse.
"Para
isso são essenciais projetos como a agricultura, o turismo e a
manufatura", afirmou.
ASP//
MP
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