segunda-feira, 6 de junho de 2016

Petrolífera quer alargar produção de campo Bayu Undan no Mar de Timor até 2022


Díli, 06 jun (Lusa) - A multinacional petrolífera Conoco Phillips espera em 2017 ligar quatro novos poços ao campo de Bayu Undan, no Mar de Timor, que permitirão ampliar a vida do projeto mais dois anos, até 2022, disse hoje um responsável da empresa.

José Lobato explicou que a ampliação do projeto, que está na Área Conjunta de Desenvolvimento Petrolífero (ACDP) - abrangido pelos acordos entre Timor-Leste e Austrália - representará um investimento de entre 700 e 800 milhões de dólares.

"Se não adicionarmos mais poços então a previsão é de que a produção parará em 2020", explicou.

Numa intervenção numa conferência de investimento em Díli, José Lobato referiu que a ampliação se deve ao facto de o tamanho do campo ser 25% superior ao que estimado no arranque do projeto, em 1995, quando o Bayu Undan foi descoberto.

José Lobato explicou que a empresa está a negociar com as partes, incluindo as autoridades timorenses, de quem espera ter até final do ano as autorizações para avançar com as perfurações adicionais.

Um dos desafios da ampliação reside nas dificuldades em transportar o gás nos últimos anos através do gasoduto para Darwin, na Austrália, já que pode não haver a pressão necessária.

Se os novos poços forem perfurados, a produção pode crescer mais de 50% em 2019 e quadruplicar em 2020, acrescentando produção adicional nos dois últimos anos, 2021 e 2022.

José Lobato recordou os condicionalismos do mercado, com preços baixos de crude, mas sublinhou que ainda há condições para alargar a vida de um projeto que tem sido de grande significado para Timor-Leste.

As previsões iniciais apontavam para receitas para Timor-Leste de entre 2,5 e 3 mil milhões de dólares durante a vida do projeto, mas até ao momento "ultrapassaram os 17 mil milhões de dólares", faltado ainda vários anos de vida, referiu.

"Foi um grande projeto para Timor-Leste", sublinhou José Lobato.

O responsável da Conoco Phillips em Timor-Leste recordou os processos de negociação com Díli e Camberra para o Bayu Undan, especialmente depois do referendo que substituiu a Indonésia por Timor-Leste como uma das partes.

Timor-Leste comprometeu-se a honrar o contrato e incluiu uma provisão tributária que se tornou particularmente significativa, especialmente porque foi negociada numa altura de preços baixos do crude.

Díli reduziu a taxa de impostos, o que deu mais espaço financeiro à Conoco para desenvolver outros componentes do projeto, levando a maiores receitas para Timor-Leste.

Ainda que tenha sido uma boa fonte de receitas para Timor-Leste, o campo não tem sido uma grande fonte de trabalho para timorenses, já que este é um setor de pouca intensidade laboral.

Segundo referiu José Lobato, o projeto empregava no final do ano passado cerca de 280 timorenses. Eram 78 em 2002, quando Timor-Leste restaurou a sua independência.

Muito mais impacto, em termos de emprego, teve um dos projetos financiados pela Conoco, de desenvolvimento de sistemas de horticultura, que custou apenas dois milhões de dólares.

"Esse projeto, em três anos, criou rendimento sustentável para 500 pessoas. Demonstrando que o petróleo e gás natural têm sido uma grande fonte de receitas mas não é uma boa solução para o emprego no país", disse.

"Para isso são essenciais projetos como a agricultura, o turismo e a manufatura", afirmou.

ASP// MP

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