Nos anos pós revolução de Abril em Portugal era frequentissimo escutarmos nas rádios portuguesas Sérgio Godinho que em quadras simples mas objetivas propagava via éter alguns dos princípios básicos da democracia e nos cantava algo de essencial num estado e sociedade verdadeiramente democrática e livre. Afirmava, e afirma - pois ainda é vivo e canta a liberdade - que só há liberdade a sério quando houver para todos "a paz, o pão, habitação, saúde e educação".
Na verdade esses os quatro pilares onde assenta a liberdade dos povos, para além do trabalho para todos justamente remunerado, assim como a distribuição equitativa da riqueza. Assim como tantos outros pilares essenciais que garantem a liberdade, independência, desenvolvimento cultural, social, tecnológico... e muitos outros.
Volvidos quase meio século da revolução e libertação de Portugal e dos países e povos que arrogantemente o regime colonial-fascista de Salazar-Caetano dizia serem Portugal - hoje constituintes da CPLP - está por cumprir a liberdade a sério de todos esses povos, incluindo Portugal ou Timor-Leste. Novas elites foram formadas. Promessas de tudo do melhor para as sociedades lusófonas são frequentemente pronunciadas por estes novos líderes. Promessas por cumprir conveniente e merecidamente por todos esses povos.
Em vez da liberdade a sério, verdadeiramente democrática, assistimos aos descalabros da corrupção, dos roubos impunes de grande parte desses líderes. De Portugal a Timor-Leste é notório e muito significativo quanto o banditismo de políticos e de grandes grupos empresariais e económicos (mas também de alguns pequenos e médios empresários e funcionários estatais) desviam em seu benefício valores e recursos que pertencem legitimamente aos povos. E assim acontece por todo o mundo. Só por isso uns têm tanto e outros menos que nada.
O resultado destes roubos redunda na falta de liberdade a sério, na falta de democracia de facto, na falta de justiça social e justiça judiciária, na pobreza extrema, no "aparelho" da saúde sem recursos adequados, na falta de habitação e de escolaridade, na subalimentação, na fome, na poluição a que chamam "desenvolvimento", etc. etc.
Perante tal realidade importa a união dos povos em prol à tal Liberdade a Sério e da rejeição de líderes que vimos enriquecer em conluio com muitos outros. Sabemos que eles não são menos que uns ladrões que para possuírem criminosamente o que possuem condenam os povos a carências inadmissíveis, desumanas. Em Timor-Leste acontece muito isso, como pelos restantes países da CPLP e por todo o mundo. A solução deste descalabro social depende da união dos povos. Algo difícil de conseguir em pleno devido a idolatrações imerecidas de uns quantos líderes, de partidarismos cegos, de confiança que fazemos de tantos que não a merecem.
Que 2017 seja um ano da limpeza desses "cancros criminosos" que roubam os povos e causam divisões, divergências, guerras, fome e tantos outros males para a humanidade.
Temos (devemos) dar-lhes caça. Por uma vida justa. Por anos vindouros melhores. Pela liberdade a sério.
Bom ano de 2017.
AV / MM
1 comentário:
Amigo aprecio a forma eficaz como retrata a realidade que,infelizmente,nos cerca.Mas isso só é possível porque nós permitimos.
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