O
ex-Presidente da República timorense José Ramos-Horta recordou na quinta-feira
o importante apoio que as comunidades portuguesas pelo mundo deram à luta pela
independência de Timor-Leste, no lançamento em Díli de um livro sobre o apoio
dos luso-americanos.
"Se
não fosse o papel de Portugal desde o início, o apoio da diplomacia portuguesa
e das comunidades de portugueses pelo mundo a questão de Timor-Leste teria sido
muito difícil ou talvez impossível de resolver", afirmou em Díli.
José
Ramos-Horta falava no lançamento em Díli do livro "LAMETA - o desconhecido
contributo das comunidades portuguesas para a Independência de
Timor-Leste", da autoria do ativista João Crisóstomo e que conta a
história do envolvimento dos portugueses nos EUA para a independência do país.
O
livro foi lançado no Arquivo e Museu da Resistência Timorense (AMRT), entidade
a quem Crisóstomo entregou na quinta-feira um conjunto de documentos e três
grandes painéis usados em inúmeras manifestações e ações de sensibilização nos
Estados Unidos durante a ocupação indonésia de Timor-Leste.
Rui
Araújo, primeiro-ministro timorense, que presidiu ao evento, tinha-se
encontrado com Crisóstomo em Nova Iorque numa visita em setembro do ano passado
e, ao conhecer a sua história e a da LAMETA, desafiou-o a escrever um livro.
Apesar
de renitente, como explicou à Lusa, Crisóstomo acabou por escrever o livro, um
resumo da documentação que entregou, na quinta-feira, ao ARMT e que inclui
dezenas de cartas originais da Casa Branca, Senado e Congresso norte-americanos
e de várias individualidades, incluindo Nelson Mandela.
Os
documentos mostram os esforços incansáveis de Crisóstomo sensibilizar os
norte-americanos e outros para o drama que a população timorense vivia e os
painéis - incluindo um do artista luso-americano Fernando Silva - decoraram
grande parte das ações da LAMETA.
Antoninho
Baptista Alves, diretor do ARMT, admitiu que nos anos que passou no mato, a
combater os indonésios, "soube pouco do apoio da comunidade portuguesa nos
Estados Unidos" mostrando-se sensibilizado e "eternamente grato"
por tudo o que fizeram.
"Uma
comunidade que lutou com todo o coração pela liberdade de um povo pobre e
distante que mal conhecia. Se não fossem pessoas como vocês, espalhadas pelo
mundo fora, a nossa luta seria muito mais complicada", afirmou.
Rui
Araújo homenageou o papel de Crisóstomo, um antigo mordomo que
"abraçou" a luta pela libertação de Timor-Leste, permanecendo
incansável e contribuindo até depois da independência.
"Multiplicou-se
em contactos. Dividiu-se em tarefas e atividades. E com isso foi somando à
nossa causa inúmeras pessoas que elevaram a nossa voz, que soava a milhares de
quilómetros de distância. A única coisa que João Crisóstomo não fez foi
diminuir os seus esforços", disse.
"A
apresentação deste livro e a entrega dos painéis (...) vão permitir que o
espólio do AMRT fique mais rico e que perpetue a nossa história, dando a
conhecer a todos o incondicional apoio dos nossos muitos amigos e irmãos
espalhados pelo mundo fora e que contribuíram para apoiar a nossa luta pela independência",
afirmou.
Na
sua primeira visita a Timor-Leste Crisóstomo disse que o movimento de apoio
luso-americano foi inspirado "pela determinação, coragem e
perseverança" dos timorenses contra a ocupação indonésia.
"O
que fizemos não o fizemos por bondade. A vossa coragem e determinação em
suportar tantos sacrifícios, esse vosso heroísmo foi para nós a maior
inspiração, uma ordem à nossa consciência", considerou.
"Se
não podíamos vir lutar convosco nas montanhas e povoações de Timor-Leste o
mínimo que tínhamos a fazer era ajudar no que estivesse ao nosso alcance onde
vivíamos", afirmou.
Em
nome da comunidade portuguesa na Austrália e recordando as vítimas da ocupação
indonésia em Timor-Leste celebra-se no domingo na igreja de Motael, em Díli,
uma missa de homenagem.
SAPO
TL com Lusa
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