Díli, 20 abr (Lusa) - A coligação
que reúne os partidos da oposição em Timor-Leste acusou hoje o ministro da
Defesa e Segurança de usar indevidamente dinheiro do Estado para fazer campanha
partidária, acusação rejeitada pelo primeiro-ministro.
Segundo a Aliança de Mudança para
o Progresso (AMP), que reúne os três partidos da oposição maioritária em
Timor-Leste, o ministro José Somotxo terá feito um pedido para usar viaturas do
Estado alegadamente para "visitas de trabalho", mas em vez disso tem
participado ativamente em campanhas do partido do Governo, a Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
Somotxo e o primeiro-ministro e
secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, são os únicos membros do atual
executivo que fazem parte da lista de candidatos a deputados que o partido
apresentou às eleições legislativas antecipadas de 12 de maio.
Instado a comentar as críticas, o
primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, disse à Lusa que o seu ministro
está a visitar o país em funções oficiais, para observar a campanha e não teve
qualquer intervenção partidária.
"Ele é ministro de Defesa e
Segurança. Não está a fazer campanha. Está a observar a campanha. Nunca foi ao
palco para fazer discurso", disse, questionado sobre a foto em que aparece
com a camisola do partido.
"Ele é da Fretilin e ninguém
pode negar isso. Os membros do Governo são de diferentes partidos ou
independentes e em qualquer parte do mundo não se exige que um membro do
Governo deixe de ter a cor que tem. Por ter essa cor é que é membro do Governo.
Mas o que interessa é o que ele está a fazer", insistiu.
A página oficial da AMP no
Facebook divulgou dois documentos e uma fotografia que, considera, mostram que
o ministro José Somotxo "usou indevidamente dinheiro do Estado para uma
atividade partidária" servindo-se "da cortina de membro do
Governo" para fazer campanha.
Em concreto, a AMP refere que na
agenda oficial o ministro tem previsto a "observação da campanha",
mas aparece com uma camisola da Fretilin na tribuna de honra no comício que o
partido organizou hoje em Baucau, a segunda cidade timorense.
Um dos documentos é um despacho
de "movimento de ordem pessoal" assinado por Somotxo enquanto ministro
e enquanto "viajante" e que se refere a uma "visita de
trabalho" aos 12 municipios mais a região administrativa especial de
Oecusse-Ambeno entre 10 de abril e 10 de maio, período que coincide com a
campanha eleitoral.
O segundo documento é uma
"ordem de serviço" que nomeia um grupo de 11 elementos, incluindo o
chefe do gabinete de armamento, um ajudante de campo, escoltas e motorista que
irão acompanhar o ministro.
Este texto refere que os
elementos devem acompanhar a agenda do ministro, que é de "observação da
campanha dos partidos políticos (...) no território de Timor-Leste (...) desde
o inicio da campanha dos partidos políticos até ao fim" da campanha.
Mari Alkatiri defende a ação dos
membros do executivo durante a campanha, afirmando que este é "talvez o
processo eleitoral mais controlado do mundo" e que há que respeitar sempre
"o que está na lei e na constituição" do país.
"O que não está fica ao
critério de cada um", afirmou.
Alkatiri explicou hoje ter dado
conta ao chefe de Estado da situação geral do país, afirmando que a campanha
tem decorrido sem "incidentes ou problemas".
A campanha para as eleições de 12
de maio termina no próximo dia 09 de maio.
ASP // FPA
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