domingo, 31 de maio de 2009

GUSMÃO FOI BUSCAR TRUNFOS A ANGOLA


A visita de Gusmão a Angola terminou hoje, aparentemente repleta de sucesso, demonstrando aos países lusófonos que Timor-Leste tem por objectivo alargar as relações com as suas raízes históricas, assentes no universo construído pelos colonizadores portugueses.

A visita foi muito oportuna nesta data porque será a partir de agora que Timor-Leste e os seus governantes terão de dar provas substantivas à Austrália de que não a vão pôr à margem da obtenção de lucros que pretende para os seus investidores, em fila para apostarem no filão que aquele pequeno país para eles representa quase a todos os níveis. Nada melhor para Timor do que argumentar com as vantagens oferecidas pelos países da CPLP.

Timor sobe a parada relativamente à Austrália e envia um recado inequívoco à CPLP sobre o seu apego à comunidade lusófona. Por assim dizer, mata dois coelhos de uma cajadada.

Para os investidores australianos, Timor-Leste não representa um maná somente em petróleo e gás natural mas também a nível das telecomunicações, das rodovias, das infraestruras citadinas, da indústria hoteleira e do turismo, para além de outros sectores praticamente inexplorados ou minimamente explorados devido aos tempos de ínfima capacidade de poder de compra dos timorenses, situação que prevêem estar a inverter-se. Isso, aliado à estabilidade que consideram oferecer fiabilidade está a fazê-los correr para o país do sol nascente.

Sabendo isso, o governo timorense foi a Angola mostrar que pode recorrer aos países lusófonos em condições satisfatórias e vantajosas em vez de se entregar na dependência do gigante do cruzeiro do sul. Desse modo terá muito maior capacidade negocial e poderá exigir aos investidores australianos o que eles considerarão o couro e o cabelo se quiserem entrar nos projectos a desenvolver e no mercado timorense dos sectores que lhes possam estar a suscitar, ou vir a suscitar interesses.

Para além de Timor-Leste demonstrar desde a primeira hora que pode contar com Portugal já é sabido desde há algum tempo que igualmente um gigante da lusofonia é seu parceiro, o Brasil. Gusmão veio agora juntar ao grupo um outro gigante da África lusófona, Angola.

Nos encontros que agora ocorrerão entre investidores australianos e timorenses, na cidade de Díli, esses trunfos serão lançados por Timor para a mesa de negociações. Resta-nos esperar pelos resultados e saber se os negociadores timorenses têm sabedoria para fazer o que agora está mais fácil mas que pode gorar-se se forem demasiado hostis e pretensiosos.

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