terça-feira, 28 de abril de 2015

UE pede maior envolvimento da população na eleição do chefe do Governo de Macau


Macau, China, 27 abr (Lusa) -- A União Europeia (UE) defendeu que as autoridades de Macau devem considerar a promoção do envolvimento da população na eleição do chefe do Governo, apesar de a Lei Básica de Macau não prever a introdução do sufrágio universal.

"Macau difere de Hong Kong no sentido em que a sua Lei Básica e outra legislação não contempla a possibilidade do sufrágio universal", começou por explicar o relatório anual da Comissão Europeia sobre Macau.

"No entanto, as autoridades devem considerar promover um maior grau de envolvimento da população na eleição do chefe do executivo, aumentando assim a legitimidade e o apoio público ao cargo e reforço da boa governação", referiu-se no documento.

A União Europeia sustentou ainda que "as liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos continuaram a ser respeitados" em 2014.

Por outro lado, destacou que "passos positivos foram dados para melhorar a situação dos trabalhadores migrantes, assim como no combate à violência doméstica e tráfico humano".

Segundo a mesma fonte, os órgãos de comunicação social em Macau continuaram a apresentar diversidade de opiniões, mas salientou que "a liberdade de imprensa está em risco" devido a fatores como a autocensura ou a negação do acesso a conferências de imprensa.

E, neste âmbito, citou casos de jornalistas de Hong Kong impedidos de realizar o seu trabalho em Macau e o relatório anual da Federação Internacional de Jornalistas divulgado no final de janeiro.

Além disso, referiu que a "liberdade académica foi posta em causa pela decisão de não renovar os contratos" de dois professores da Universidade de Macau e Universidade de São José.

"Sem um sector académico vibrante não é possível satisfazer as necessidades da economia e da sociedade", indicou o documento.

A Comissão Europeia observou também que a economia de mercado da Região "continuou a funcionar eficientemente" não obstante o declínio nas receitas do jogo.

Ainda assim, descreveu como prioridade a melhoria das condições de vida dos cidadãos para fazer face ao aumento do custo de vida e da habitação.

Já no domínio da política externa, a UE referiu que "o Governo focou-se em dinamizar o papel de Macau como plataforma para o comércio e cooperação económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa".

No relatório, são também abordados outros temas como o combate à corrupção, sendo referido que "os cidadãos de Macau continuam a expressar a opinião de que o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) precisa de agir com mais eficiência".

"No domínio da corrupção no setor público, o número de denúncias recebidas e os casos investigados esteve ao mesmo nível de 2012.

A julgar pelos casos divulgados, as principais violações continuam a ser a aceitação de subornos para atos ilegais, abuso de poder e falsificação de documentos. As violações das obrigações dos funcionários públicos e má gestão que lesam os interesses públicos também foram bastante comuns", acrescentou.

No documento referiu-se ainda que "a grande dimensão do setor do jogo em Macau torna a região vulnerável à lavagem de dinheiro".

Neste âmbito, apontou que no passado as autoridades realizaram várias tentativas para combater a situação, nomeadamente através do aumento do escrutínio dos 'junkets' (angariadores de jogadores VIP) e de restrições ao uso de cartões para pagamento de transações nos casinos.

No plano das prioridades para 2015, a União Europeia referiu ainda a cooperação com vista à diversificação da economia de Macau.

FV // VM

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