Lisboa,
25 jun (Lusa) - O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) afirmou hoje que "não fez nada fora" daquilo que
era exigido como embaixador de Moçambique no Brasil, cargo que ocupou entre
2006 e 2012.
Murade
Isaac Murargy reagia à notícia publicada pela revista brasileira Veja, de
acordo com a qual o nome do embaixador moçambicano aparece citado numa
investigação sobre desvios na petrolífera do Brasil, Petrobras.
"Não
se está a dizer nada de novo (...) a diplomacia moçambicana é económica e como
embaixador de Moçambique desenvolvi todo um trabalho com vista a atrair
investimentos e desenvolver relações comerciais entre os dois países",
declarou à Lusa.
"Contactei
com o Presidente Lula e com outros dirigentes brasileiros, com partidos da
oposição, com as empresas citadas [pela Veja] e tive muitos encontros com eles
precisamente para promover os investimentos em Moçambique", explicou.
"É
o meu trabalho, estava dentro das minhas funções. Não fiz nada fora daquilo que
me era atribuído", sublinhou.
O
responsável da CPLP disse que "depois de 2012", ano em que veio para
Portugal, "nunca mais" contactou com Lula da Silva.
"Não
estou a entender a polémica à volta disso, naturalmente se citam o meu nome é
porque tive contactos com o Presidente Lula (...) Nunca falámos com a Petrobras
que nunca esteve envolvida em nenhum investimento em Moçambique. Com as
outras, sim, têm projetos em Moçambique", como a Odebrecht, a Andrade
Gutierrez e a OAS, disse.
"Que
esteja envolvido nisso, é outra história. Eu promovi os investimentos, atraí os
financiamentos, desenvolvi relações comerciais (de Moçambique) com o Brasil,
tudo isso dentro das minhas funções", repetiu.
O
secretário-executivo da CPLP garantiu que vai continuar o seu trabalho.
"Vou
continuar a fazer isso, a levar as empresas brasileiras, portuguesas e
moçambicanas... agora num espaço maior que é o espaço CPLP", declarou,
dando como exemplo a assinatura de um contrato que promoveu, na quarta-feira,
no âmbito da primeira conferência "Energia para o Desenvolvimento da
CPLP", entre uma empresa brasileira e a petrolífera estatal de
Timor-Leste, "Timor GAP", para estudos de viabilidade de uma
refinaria no país asiático.
"Eu
promovi isso, é o meu trabalho, nada é escondido", afirmou, sublinhando
"essas notícias não vão limitar" o seu trabalho. "Vou continuar
a fazer esse trabalho".
Chamadas
telefónicas intercetadas pela Polícia Federal brasileira e atribuídas e
executivos da construtora OAS trataram de alegados acordos para negócios em
países latino-americanos e africanos.
Numa
das conversas, os executivos mencionavam uma aproximação com o então embaixador
Murargy, por intermédio de contactos de uma pessoa denominada
"Brahma", que seria o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
segundo um documento da investigação citado pela revista.
A
14.º fase da 'Operação Lava Jato', feita na última sexta-feira, resultou na
prisão de executivos e presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andrade
Gutierrez. A conversa divulgada pela Veja teria ocorrido em 2013 e as
autoridades estão a investigar se há ilegalidade no encontro agendado entre os
executivos e o então embaixador.
Ainda
na mesma conversa, os executivos falam sobre uma viagem de Lula da Silva ao
Chile, para uma conferência, financiada pela construtora.
Questionada
pela Lusa, a Polícia Federal brasileira não se pronunciou até ao momento sobre
o caso.
EJ
(FYB) // VM
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