quarta-feira, 23 de março de 2016

Confiança na liberdade de imprensa toca mínimos "preocupantes" em Hong Kong -- Jornalistas


Macau, China, 22 mar (Lusa) -- A Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA, na sigla em inglês) revelou hoje dados que mostram uma "preocupante tendência" de declínio da confiança na liberdade de imprensa na região, que atingiu "mínimos" em 2015.

O índice de liberdade de imprensa, que a HKJA publica anualmente, encontra-se ao "mais baixo nível de sempre", um cenário "preocupante" que mostra que "a liberdade de imprensa, um dos pilares do sucesso de Hong Kong, tem vindo a ser erodida na raiz -- e pior -- que a essência dos direitos de que o público goza também se encontra em risco", refere a presidente da HKJA, Sham Yee-lan, em comunicado.

"Tanto o público como os jornalistas acham que a liberdade de imprensa se deteriorou em 2015", refere o comunicado com as conclusões de um inquérito realizado pela HKJA, que fez cerca de 1.500 entrevistas, quase um terço a jornalistas.

O índice de liberdade de imprensa caiu 1,4 pontos, para 47,7, para o público em geral e 0,7 pontos, para 38,2, para os jornalistas, refletindo um declínio pelo terceiro ano consecutivo.

A queda mais significativa na classificação pelo público em geral prende-se com os danos causados à liberdade de imprensa, que são "tão óbvios que até mesmo o grande público está consciente do problema", refere o mesmo comunicado.

O índice da liberdade de imprensa em Hong Kong, elaborado pela primeira vez em 2013, tem dois grupos de entrevistados: o público em geral e os jornalistas. Ambos concordaram que a liberdade de imprensa na antiga colónia britânica se deteriorou.

Mais de metade do público (54%) entende que piorou, enquanto mais de um terço (34%) acredita não ter havido mudanças. Contudo, como salienta a HKJA, as respostas por parte dos jornalistas são "mais preocupantes": 85%considera que piorou e apenas 1% acredita que melhorou.

Ambos também têm a perceção de que autocensura se tem tornado mais comum em Hong Kong -- com os jornalistas a considerarem o problema mais sério.

Os dois grupos também coincidem na ideia de que os meios de comunicação social têm preocupações maiores relativamente a criticar Pequim. E também que as leis existentes são "insuficientes" para permitir aos jornalistas obterem a informação de que precisam, o que resulta em "indesejáveis efeitos na liberdade de imprensa".

Para conter a tendência de erosão, a presidente da HKJA apela o Governo de Hong Kong para avançar com regulamentação sobre a liberdade de informação o mais brevemente possível.

Apesar de o inquérito revelar um declínio na confiança na liberdade de imprensa, tanto o público em geral como os jornalistas acreditam que a eficácia do papel de fiscalizador desempenhado pelos meios de comunicação social da Região Administrativa Especial chinesa não piorou.

Sham Yee-lan concluiu que "mesmo que esse papel de fiscalizador ainda seja eficaz, sem proteção legal suficiente, os jornalistas travam uma difícil batalha", instando o Governo a tomar a iniciativa de garantir a liberdade de imprensa, um dos direitos consagrados pela Lei Básica (miniconstituição) de Hong Kong.

DM // MP

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