quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Woodside espera acordo entre Austrália e Timor-Leste para projeto Sunrise

Díli, 12 jan (Lusa) - A petrolífera australiana Woodside Petroleum saudou hoje a suspensão do tratado de 2006 entre a Austrália e Timor-Leste para o Mar de Timor e o anúncio de que os dois países vão negociar fronteiras marítimas permanentes.

Ainda assim, para Peter Coleman, responsável da empresa, qualquer desenvolvimento do projeto só avançará quando houver certezas sobre os acordos entre os dois governos.

"Há alguns anos que estamos num impasse no projeto. A quem pagamos as royalties?", disse Coleman em declarações citadas pela ABC australiana.

Os comentários surgem depois de na segunda-feira, os Governos timorense e australiano emitirem um comunicado conjunto - subscrito ainda pela Comissão de Conciliação da ONU que está a mediar entre as partes - sobre a suspensão do tratado que regia a região fronteiriça em disputa, no Mar de Timor.

"O Governo de Timor-Leste decidiu entregar ao Governo da Austrália uma notificação escrita do seu desejo de pôr termo ao Tratado de 2006 sobre Determinados Ajustes Marítimos no Mar de Timor, nos termos do n.º 2 do artigo 12.º desse tratado", refere a nota conjunta enviada à Lusa.

"O Governo da Austrália tomou nota deste desejo e reconhece que Timor-Leste tem o direito de iniciar a cessação do tratado. Por conseguinte, o Tratado relativo a certas disposições marítimas no mar de Timor cessará de vigorar a partir de três meses a contar da data dessa notificação", sublinha.

Em declarações à Lusa na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Hernâni Coelho, disse que os dois países estão empenhados e a negociar de boa vontade para chegar a um acordo sobre uma solução definitiva para as fronteiras marítimas.

Para Timor-Leste a delimitação das fronteiras marítimas é um passo essencial para eliminar incertezas, abrindo assim a porta a novos investimentos no Mar de Timor e, em particular no campo Greater Sunrise.

Com reservas estimadas de 5.1 triliões de pés cúbicos de gás, o Greater Sunrise é, potencialmente, um dos maiores campos da região mas o seu desenvolvimento tem estado atrasado por este impasse na definição fronteiriça.

Na mente dos investidores está também a disputa sobre o modelo de desenvolvimento e refinação, flutuante ou em terra, no sul de Timor-Leste ou na Austrália.

A queda do preço do petróleo tem vindo a condicionar também potenciais investimentos neste projeto mas, para Díli, o Sunrise assume particular importância podendo daí depender a futura sustentabilidade do país que dentro de entre 10 a 15 anos poderá ver esgotadas as suas atuais receitas petrolíferas - que financiam cerca de 90 a 95% do gasto público.

A concessão do Greater Sunrise - uma descoberta feita em 1974 - é controlada pela Woodside (o operador com 33%) a que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Osaka Gas.

"Temos sido muito pacientes, com um conjunto de mudanças no que diz respeito à governação" da região, disse.

Na mente dos investidores está também a disputa sobre o modelo de desenvolvimento e refinação, flutuante ou em terra, no sul de Timor-Leste ou na Austrália, com Coleman a reconhecer que opções em terra estão a tornar-se mais competitivas.

"O Sunrise tem uma oportunidade de saltar para o início da fila. Este é um projeto muito competitivo mas que há dois anos não teria chegado a esta oportunidade", explicou Coleman.

A Woodside antecipa que os preços do petróleo e gás recuperem em 2019 apelando aos dois Governos para que acelerem as negociações para um acordo, permitindo assim capitalizar nesse cenário.

ASP // SB

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