Díli,
12 jan (Lusa) - A petrolífera australiana Woodside Petroleum saudou hoje a
suspensão do tratado de 2006 entre a Austrália e Timor-Leste para o Mar de
Timor e o anúncio de que os dois países vão negociar fronteiras marítimas
permanentes.
Ainda
assim, para Peter Coleman, responsável da empresa, qualquer desenvolvimento do
projeto só avançará quando houver certezas sobre os acordos entre os dois
governos.
"Há
alguns anos que estamos num impasse no projeto. A quem pagamos as
royalties?", disse Coleman em declarações citadas pela ABC australiana.
Os
comentários surgem depois de na segunda-feira, os Governos timorense e
australiano emitirem um comunicado conjunto - subscrito ainda pela Comissão de
Conciliação da ONU que está a mediar entre as partes - sobre a suspensão do
tratado que regia a região fronteiriça em disputa, no Mar de Timor.
"O
Governo de Timor-Leste decidiu entregar ao Governo da Austrália uma notificação
escrita do seu desejo de pôr termo ao Tratado de 2006 sobre Determinados
Ajustes Marítimos no Mar de Timor, nos termos do n.º 2 do artigo 12.º desse
tratado", refere a nota conjunta enviada à Lusa.
"O
Governo da Austrália tomou nota deste desejo e reconhece que Timor-Leste tem o
direito de iniciar a cessação do tratado. Por conseguinte, o Tratado relativo a
certas disposições marítimas no mar de Timor cessará de vigorar a partir de
três meses a contar da data dessa notificação", sublinha.
Em
declarações à Lusa na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros
timorense, Hernâni Coelho, disse que os dois países estão empenhados e a
negociar de boa vontade para chegar a um acordo sobre uma solução definitiva
para as fronteiras marítimas.
Para
Timor-Leste a delimitação das fronteiras marítimas é um passo essencial para
eliminar incertezas, abrindo assim a porta a novos investimentos no Mar de
Timor e, em particular no campo Greater Sunrise.
Com
reservas estimadas de 5.1 triliões de pés cúbicos de gás, o Greater Sunrise é,
potencialmente, um dos maiores campos da região mas o seu desenvolvimento tem
estado atrasado por este impasse na definição fronteiriça.
Na
mente dos investidores está também a disputa sobre o modelo de desenvolvimento
e refinação, flutuante ou em terra, no sul de Timor-Leste ou na Austrália.
A
queda do preço do petróleo tem vindo a condicionar também potenciais
investimentos neste projeto mas, para Díli, o Sunrise assume particular
importância podendo daí depender a futura sustentabilidade do país que dentro
de entre 10 a 15 anos poderá ver esgotadas as suas atuais receitas petrolíferas
- que financiam cerca de 90 a 95% do gasto público.
A
concessão do Greater Sunrise - uma descoberta feita em 1974 - é controlada pela
Woodside (o operador com 33%) a que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch
Shell e a Osaka Gas.
"Temos
sido muito pacientes, com um conjunto de mudanças no que diz respeito à
governação" da região, disse.
Na
mente dos investidores está também a disputa sobre o modelo de desenvolvimento
e refinação, flutuante ou em terra, no sul de Timor-Leste ou na Austrália, com
Coleman a reconhecer que opções em terra estão a tornar-se mais competitivas.
"O
Sunrise tem uma oportunidade de saltar para o início da fila. Este é um projeto
muito competitivo mas que há dois anos não teria chegado a esta
oportunidade", explicou Coleman.
A
Woodside antecipa que os preços do petróleo e gás recuperem em 2019 apelando
aos dois Governos para que acelerem as negociações para um acordo, permitindo
assim capitalizar nesse cenário.
ASP
// SB
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