Shinta
Nuriya, ex-primeira-dama da Indonésia, denunciou o aumento da intolerância
religiosa no seu país, que tem a maior comunidade muçulmana do mundo, informam
ontem os ‘media’ locais.
A
ex-primeira-dama indonésia, que defende a harmonia religiosa, baseia a denúncia
numa pesquisa feita pela Fundação Wahid que inquiriu 1.255 pessoas, e conclui
que apenas “menos de 20% nega que a Indonésia se irá tornar um Estado islâmico”
e que “há grupos radicais que querem transformar a Indonésia num Estado
islâmico”.
Shinta
Nuriya, viúva do ex-Presidente Abdurrahman Wahid e que intervinha numa
conferência sobre a mulher, realizada segunda-feira em Jacarta, apelou aos mais
velhos para protegerem os jovens da influência negativa do “movimento radical e
intolerante que se infiltrou na nação”.
O
fundamentalismo tem ganhado força com grupos como a Frente de Defensores do
Islão, um dos mais ativos nos últimos meses, e está presente na campanha
eleitoral em Jacarta, cuja primeira volta se realizou no passado dia 15 de
fevereiro e se revelou inconclusiva, por nenhum candidato superar os 50% dos
votos.
Os
favoritos são o atual governador Basuki Tjahaja Purnama, conhecido por Ahok, e
o vice-governador Djarot Saiful Hidayat, mas especialistas consideram que o
processo judicial intentado contra Ahok, de minoria cristã, acusado de insulto
ao Islão, teve influência nas urnas.
Ahok
foi acusado de blasfémia contra o Islão devido a uma declaração que fez no
final de setembro de 2016, em que classificou como errada a interpretação de um
versículo do Alcorão, segundo a qual um muçulmano só deve eleger um dirigente
muçulmano.
O
atual governador de Jacarta pediu desculpa pelo comentário e o Presidente da
Indonésia, Joko Widodo, defende-o publicamente, mas isso não foi suficiente
para conter a ira dos setores mais conservadores que querem impor a lei
islâmica ('Sharia') na Indonésia.
O
analista Sidney Jones já tinha denunciado em novembro a ascensão do radicalismo
islâmico na Indonésia, ao afirmar que ninguém reconhece “o que é incitamento
religioso”, nem “condena ou toma medidas para impedi-lo”, apesar do país ser
baseado oficialmente desde a independência, em 1945, pelo Pancasila, o
fundamento de cinco princípios que defende a tolerância religiosa, uma
humanidade justa e civilizada, a unidade, a democracia popular e a justiça
social.
SAPO
TL com Lusa
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