António
Sampaio (Texto e Vídeo), Nuno Veiga (Fotos), da Lusa
Díli,
23 jul (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin agradeceu hoje a "grande
responsabilidade" que o eleitorado timorense depositou no seu partido, o
mais votado nas legislativas de sábado, comprometendo-se a dialogar com Xanana
Gusmão e com quem queira apoiar o desenvolvimento do país.
"Tudo
faremos para abraçar todos mas vamos continuar a trabalhar com Xanana Gusmão,
essa figura incontornável desse país, no sentido de responder a esta mensagem
clara do nosso povo", afirmou Mari Alkatiri, num discurso na sede da
Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) em Díli.
Na
primeira declaração de um líder partidário depois das eleições de sábado - e
quando a Fretilin lidera a contagem dos votos - Alkatiri disse que houve
"uma luta renhida entre os dois grandes partidos" mas recordou que a
Fretilin e o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana
Gusmão "são partidos aliados".
Agora,
contados os votos, "o povo transmitiu uma mensagem clara, de que quer que
se continue a consolidar a paz e a estabilidade e que se continue com o
programa de desenvolvimento para tirar o povo dessa situação de pobreza".
Quando
estão contados 88,14% dos votos, a Fretilin lidera com 30,35% dos votos, à
frente do CNRT com 27,88% dos votos, devendo ainda entrar no Parlamento
Nacional deputados do Partido Democrático (PD), do Partido Libertação Popular
(PLP) e do Khunto.
Questionado
pela Lusa se a abertura ao diálogo se limita a Xanana Gusmão ou se aceita falar
com os restantes partidos, incluindo o PLP do ex-Presidente Taur Matan Ruak, o
secretário-geral da Fretilin disse que todos são bem vindos.
"Agora
a campanha acabou. Não existem adversários, existem só compatriotas que
quiserem trabalhar juntos", disse, à Lusa numa conversa na sede do partido
onde hoje dirigentes e apoiantes estão concentrados desde o fecho das urnas no
sábado.
"Estar
de braços abertos para incluir todos no processo de governação e de construção
do país não significa que todos devem entrar para o governo. Por mim o Governo
mais eficaz é sempre um governo pequeno", disse.
Questionado
pela Lusa sobre se vai ou não ser primeiro ministro, Alkatiri disse que já
solicitou ao secretário-geral adjunto do partido, José Reis, a marcação de uma
reunião do Comité Central da Fretilin (CCF) a quem caberá tomar a decisão,
dando-lhe a liberdade de escolher se aceita ou não liderar o executivo.
Mais
do que uma declaração de vitória o discurso de Mari Alkatiri, em tétum e
português, foi um convite "de braços abertos" ás restantes forças
políticas que, disse, queiram juntar-se ao projeto de desenvolvimento do país.
Rodeado
por centenas de dirigentes e apoiantes do partido, que depois o saudaram num
misto de celebração e emoção - muitos choraram num momento que para a Fretilin
marcar o regresso ao controlo do Governo, 10 anos depois - Alkatiri agradeceu a
"maturidade" do povo timorense.
"Estas
responsabilidade que o povo agora nos entrega será tratada com o maior sentido
de responsabilidade. Por isso obrigado a todos", disse, explicando que em
breve conversará com Xanana Gusmão com quem espera, no momento oportuno, fazer
uma conferência de imprensa conjunta.
Alkatiri
disse que o voto do eleitorado na Fretilin é um sinal do que o partido fez na
campanha mas é também uma declaração de apoio "aos que trabalharam muito
para garantir a estabilidade e a paz em Timor-Leste" e para "permitir
o desenvolvimento do país".
"Tentámos
convencer o povo e o povo ouviu-nos. O povo não deu a maioria absoluta a
ninguém e temos que respeitar a vontade do povo", disse.
"Deu
maioria simples à Fretilin, reconhecendo a capacidade, os valores e os
princípios da Fretilin", disse ainda.
ASP
// JPS | Foto ilustração em Google
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