Díli,
23 jul (Lusa) - O destino da governação de Timor-Leste está a ser conhecido,
ata a ata, numa sala ao lado do edifício principal da administração municipal
de Díli, onde se acumula um comboio de urnas dos 83 centros de votação de Díli.
Uma
sala com florescentes de repartição pública, cortinas cremes penduradas em
suportes dourados, paredes azuis claras e onde 70 urnas também azuis, já estão
empilhadas numa das esquinas, dez lado a lado, sete em altura.
Junto
às urnas, observadores internacionais e fiscais partidários - o da Fretilin
distingue-se pela camisola, o do CNRT pelo bloco com símbolo do partido -
acompanham o tedioso processo de verificação de atas eleitorais.
O
resultado final de uma das corridas eleitorais mais renhidas de sempre em
Timor-Leste - a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e
o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) reivindicam, ambos
vitória - será conhecido aqui nesta sala.
Nas
últimas horas, já se fechou a contagem nos restantes 12 municípios de
Timor-Leste e nos centros de votação na diáspora. Só falta saber quem vence em
Díli e com que margem, para saber quem vence as eleições.
E
a diferença deverá ser mínima, de dois ou três mil votos, num universo de cerca
de 500 mil eleitores.
A
nível nacional e com 97,38% dos votos contados, nesta altura, a Fretilin tem
159.453 (29,73%) e o CNRT tem 154.936 (28.89%).
Só
falta Díli. Todas as urnas, incluindo as mais distantes no município - que
vieram da ilha de Ataúro ao largo da capital - chegaram aqui há 12 horas. Mas
30 horas depois do fecho das urnas, ainda falta apurar 18 dos 83 centros.
"Isto
vai demorar até à 01:30 da manhã pelo menos", explica um dos responsáveis
que vai arrastando as caixas do exterior para a sala.
Um
centro de votação de cada vez, entram as urnas e a ata que lhes corresponde,
oficiais eleitorais introduzem a informação correspondente, com a respetiva
distribuição de votos pelos partidos e o total vai subindo. Devagar.
São
mais ou menos cinco centros de votação por hora, explica um dos observadores.
Com
uma diferença tão pequena todos vão esperar até ao fim.
Em
Díli, o CNRT está à frente da Fretilin e a dúvida é se, com a margem que leva,
consegue anular a vantagem que a Fretilin ainda tem nas contas totais nacionais.
A
CNRT acha que, com os dados dos seus fiscais nos locais de votação, tem a
vitória garantida, e a Fretilin já a celebrou por duas vezes.
No
meio da incerteza sobre quem ganha há outra questão que domina este voto - a
elevada abstenção. Num universo de 760 mil recenseados, o número de votantes
pode rondar os 500 mil ou uma abstenção que pode rondar os 34%.
E
que se nota particularmente em Díli onde pode chegar aos 50%.
Os
números somam-se todos, daqui a algumas horas.
ASP
// MAG
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