Díli, 30 abr (Lusa) -
Observadores internacionais que estão a acompanhar as eleições legislativas
antecipadas em Timor-Leste destacaram o "profissionalismo e
dedicação" com que os responsáveis e as equipas dos órgãos eleitorais
estão a preparar a votação.
A avaliação é feita num relatório
semanal produzido pela equipa de observadores das organizações norte-americanas
International Republican Institute (IRI) e USAID que estão a acompanhar as
eleições, a que a Lusa teve hoje acesso.
Referindo-se ao ambiente
eleitoral na última semana, o relatório explica que alguns líderes partidários
têm dirigido críticas aos órgãos eleitorais do país, a Comissão Nacional de
Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).
"Líderes políticos estão a
ser mais críticos de outros partidos, com alguns a questionar a credibilidade
dos órgãos de gestão eleitoral", refere o relatório.
"No entanto, os observadores
da IRI reportam um alto nível de dedicação e de profissionalismo de funcionários
da CNE e STAE na condução de atividades de educação de eleitores, na observação
de eventos partidários e na formação de funcionários eleitorais par ao dia do
voto", sublinha.
O relatório não se refere em
concreto a qualquer força política, mas surge depois da coligação dos partidos
da oposição, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), ter levantado
suspeitas sobre alguns aspetos da preparação das eleições.
Na semana passada, a AMP publicou
na sua página oficial no Facebook um texto em que levanta suspeitas sobre a
ação dos órgãos eleitorais e do Governo na fase de preparação para as eleições
antecipadas de 12 de maio.
Com o título "alerta ao
público", a AMP diz ter "indicações" que levam a
"desconfiar" da suposta intervenção de José Ramos-Horta, ministro de
Estado, e do ex-ministro Rogério Lobato, na aquisição de urnas para o voto, que
chegaram esta semana a Díli.
"As mil urnas oferecidas
pelo Governo da China" são "possivelmente urnas falsas ou duplicadas
com o objetivo de manipular o resultado da contagem dos votos da eleição
antecipada", refere a publicação.
A coligação diz ainda ter
"indicação de que o Governo de gestão deu orientações secretas à CNE/STAE
de que façam todo o esforço porque a Fretilin tem que vencer".
Dois dirigentes da AMP ouvidos
pela Lusa, Fidelis Magalhães e Arão Noé - deputados respetivamente do Partido
Libertação Popular (PLP) e do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense
(CNRT) -- disseram não ter informação sobre o assunto, remetendo explicações
para o "Centro de Media" da AMP.
Alcino Baris, presidente da
Comissão Nacional de Eleições (CNE), considerou as acusações "falsas e
irresponsáveis" afirmando que a vinda das urnas foi uma necessidade, dado
o impedimento de usar as anteriores, que continuam seladas, como determina a
lei.
"Somos um órgão independente
e não recebemos indicações de ninguém", afirmou à Lusa.
Quer a CNE, quer o STAE são
dirigidos e integrados pelas mesmas equipas que conduziram os dois sufrágios de
2017, as eleições presidenciais e legislativas, processos reconhecidos como
transparentes e livres por todos os partidos políticos e por observadores
nacionais e internacionais.
Trata-se de equipas que foram
empossadas há vários anos, nomeadamente durante governos anteriores liderados
pela principal força política da AMP, o Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT).
A campanha tem decorrido sem
incidentes de maior, com o STAE e a CNE a divulgar quase diariamente informação
ampla sobre o processo, incluindo relatórios sobre ações de campanha dos partidos.
ASP // VM
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