Hong Kong, China, 10 ago 2020
(Lusa) - Uma das principais figuras do movimento pró-democracia em Hong Kong , Agnes Chow,
foi hoje presa, juntamente com outras nove pessoas, no âmbito da nova lei da
segurança, imposta em junho por Pequim no território semiautónomo, anunciou
fonte policial.
"Agora está confirmado que
Agnes Chow foi presa sob a acusação de 'incitar a secessão' sob a Lei de
Segurança Nacional", lê-se, por seu lado, na conta da ativista na rede
social Facebook.
A detenção de Agnes Chow ocorreu
no mesmo dia que a polícia deteve o magnata Jimmy Lai, empresário e
proprietário do Next Media, grupo de comunicação social de Hong Kong.
A detenção de Lai foi saudada por
Pequim, que o acusa de ser um "agitador" a soldo das potências
estrangeiras que procuram desestabilizar a segurança nacional.
"Esses agitadores
antichineses em conluio com as forças estrangeiras puseram gravemente em causa
a segurança nacional e a prosperidade de Hong Kong", disse, em comunicado,
o gabinete chinês encarregado de seguir a situação na antiga colónia britânica
e em Macau.
"Jimmy Lai é um dos seus
representantes", lê-se na nota.
A polícia de Hong Kong fez hoje
buscas ao grupo de comunicação social Next Media, considerado pró-democracia,
pouco depois da detenção do proprietário, o empresário Jimmy Lai, ao abrigo da
lei de segurança nacional.
Dezenas de agentes das forças de
segurança entraram na sede do grupo ao final da manhã em Hong Kong , situada numa
zona industrial, com os jornalistas do jornal Apple Daily a difundir em direto
as imagens das buscas policiais, na rede social Facebook.
Nas imagens, vê-se o chefe de
redação do diário, Law Wai-kwong, a pedir à polícia que não toque em nada antes
de os advogados do grupo verificaram o mandado judicial, segundo a agência de
notícias France-Presse (AFP).
Jimmy Lai, de 72 anos, é o
proprietário de duas publicações pró-democracia frequentemente críticas de
Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.
Visto por numerosos habitantes de
Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy
Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como "um
traidor", que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na
região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar
com nações estrangeiras para prejudicar a China.
Em meados de junho, duas semanas
antes de ser aprovada a nova lei de segurança nacional, Jimmy Lai disse à AFP
esperar a detenção.
"Estou pronto para ir para a
prisão. Se isso acontecer, terei oportunidade de ler livros que ainda não li. A
única coisa que posso fazer é ser positivo", afirmou.
O empresário disse então que a
nova lei iria "substituir" o regime legal de Hong Kong e
"destruir o estatuto financeiro internacional" da cidade.
A lei da segurança nacional
criminaliza atos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio
com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.
O documento entrou em vigor em 30
de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência
em Hong Kong ,
abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas
democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram
à detenção de mais de nove mil pessoas.
Hong Kong regressou à soberania
da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia
a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no
resto do país, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas", também
aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.
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