Jacarta,
21 abr (Lusa) - Os países asiáticos e africanos reunidos hoje em Jacarta
manifestaram o desejo de estabelecer uma plataforma de trabalho comum para
resolver problemas marinhos, como a pesca ilegal, a poluição marinha e
diferendos fronteiriços.
"Foi
hoje acordado que será estabelecida uma plataforma de trabalho entre os países
membros da Ásia e da África no âmbito do Centro Ásia-África, que foi sugerido
ontem [segunda-feira] na resolução para a consideração dos chefes de
Estado", disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de
Timor-Leste, Hernâni Coelho.
O
governante falava no final do evento "Trocas de experiências e de desafios
das políticas marítimas na gestão dos mares e dos oceanos no contexto da
implementação de metas de desenvolvimento sustentável", organizado à
margem da cimeira que reúne esta semana líderes dos continentes africano e
asiático.
Desde
segunda-feira que representantes dos vários países preparam resoluções que
deverão ser aprovadas pelos chefes de Estado e de governo na cimeira de
comemoração do 60.º aniversário da Conferência Ásia-África e do 10.º
aniversário da Nova Parceria Estratégia Ásia-África.
Segundo
Hernâni Coelho, as duas regiões querem cooperar na resolução de questões
relacionadas com "a situação das fronteiras marítimas, o aproveitamento
dos recursos marítimos e o desenvolvimento sustentável dos oceanos e do
mar".
África
e Ásia desejam assim "encontrar uma plataforma comum na resolução dos
problemas universais", como o terrorismo, a pesca ilegal e o tráfico de
pessoas, "e também na resolução dos problemas bilaterais entre os países
membros", vincou.
Entre
as questões que devem merecer a atenção do bloco figuram as vias marítimas,
acrescentou, exemplificando que em África há "grandes ribeiras que vão
para além dos percursos normais e que, muitas vezes, envolvem mais do que um
Estado".
De
acordo com o ministro, ainda não está definido que trabalho deverá ser feito no
âmbito do Centro Ásia-África proposto, mas, pelo menos, desde o encontro de
hoje, a questão dos mares é uma das áreas a incluir.
O
chefe da diplomacia timorense foi responsável por uma das três apresentações do
evento, onde a permanência da imprensa não foi autorizada, e abordou questões
gerais relacionadas "com os oceanos, o mar e as limitações das fronteiras
marítimas".
"Também
fizemos uma apresentação sobre a situação específica do mar do Timor como uma
experiencia única, que também poderá ser uma experiencia geral que outros
países poderão eventualmente enfrentar", acrescentou.
A
delimitação do mar timorense é uma questão central na defesa dos recursos
naturais do país e tem sido a causa de problemas diplomáticos com a Austrália.
No
comunicado de imprensa distribuído no final do evento, a organização informou
que as duas regiões discutiram "preocupações e interesses comuns" em
antecipação da implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14,
relativo à proteção dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos.
Os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável visam guiar o desenvolvimento global
no pós-2015, depois do fim do prazo para o cumprimento dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milénio.
No
discurso que proferiu na abertura do evento e que foi entretanto
disponibilizado à imprensa, o ministro coordenador dos Assuntos Marítimos da
Indonésia, Indroyono Soesilo, defendeu várias medidas, como um programa global
para reduzir a população marinha e a cooperação científica para estudar formas
de lidar com a acidificação.
O
governante indonésio advogou também a eliminação de "subsídios que
contribuem para a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada" e que
um "tratamento diferencial" e "apropriado" entre
"países desenvolvidos e em desenvolvimento deve ser parte integral da
negociação dos subsídios à pesca na Organização Mundial do Comércio".
Em
conferência de imprensa, Indroyono Soesilo, recusou responder à Lusa sobre
como, por exemplo, subsídios europeus estão a prejudicar os países africanos e
asiáticos, preferindo falar sobre os subsídios na Indonésia e reforçando que
Ásia e África querem trabalhar numa plataforma comum em várias organizações
internacionais em defesa dos mares.
AYN
// JPS
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