sábado, 23 de maio de 2015

Parlamento português recorda vítimas timorenses da II Guerra Mundial


Lisboa, 22 mai (Lusa) - A Assembleia da República recordou hoje as vítimas timorenses da II Guerra Mundial, num momento em que se assinalam os 70 anos do fim desse conflito e os treze anos da independência de Timor-Leste.

"Considerando as profundas relações históricas que Portugal manteve com o seu país-irmão, Timor-Leste", as bancadas da maioria e da oposição aprovaram por unanimidade um voto conjunto em memória das vítimas timorenses da II Guerra Mundial, "raramente lembradas", expressando o desejo de que "a história não se repita".

"Estima-se que mais de 40 mil timorenses terão morrido durante a ocupação japonesa. De facto, durante o período 1939-1946, segundo as cifras oficiais, a população de Timor oriental - parte administrada por Portugal - diminuiu, efetivamente, de 472 mil para 403 mil habitantes", lê-se no documento.

Nas votações de hoje, o parlamento aprovou também votos de pesar e cumpriu um minuto de silêncio pelas mortes do antigo deputado constituinte Germano da Silva Domingos, do antigo secretário de Estado da Saúde António Galhordas, da ex-diretora do Museu Berardo, em Sintra, Maria Nobre Franco e da Presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, Elza Chambel.

Engenheiro civil, natural dos Açores, Germano da Silva Domingos foi eleito deputado à Assembleia Constituinte pelas listas do PPD, atual PSD, e foi secretário Regional da Agricultura e Pescas do primeiro executivo regional açoriano. O voto de pesar aprovado pelo parlamento elogia o seu "empenho vital na autonomia e no desenvolvimento dos Açores, de que foi obreiro da primeira hora".

O médico António Galhordas, secretário de Estado da Saúde do I Governo Provisório, foi membro do MDP/CDE e deputado à Assembleia da República. Era desde 2001 militante do PCP. Morreu esta semana aos 83 anos. O parlamento enalteceu a sua "intensa participação política durante o fascismo" e a sua "corajosa e qualificada intervenção na luta pela liberdade e pela democracia".

A ex-diretora do Museu Berardo, em Sintra, Maria Nobre Franco, que morreu esta semana, aos 77 anos, foi lembrada como "cidadã de firmes convicções, e resistente antifascista", que "dedicou toda a sua vida à arte portuguesa e aos artistas que tanto admirou e sem os quais não sabia viver". O voto de pesar aprovado pelo parlamento refere que foi "presa pela PIDE, por assinar uma carta dirigida a Oliveira Salazar, num protesto pelo assassinato do pintor José Dias Coelho".

Nascida em 1936 no Rio de Janeiro, licenciada em Direito, a presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, Elza Chambel, morreu esta semana, aos 78 anos. Era militante do PS desde 1974. A Assembleia da República louvou a sua preocupação "com os mais fracos, com os mais débeis" e recordou-a como alguém que até aos últimos dias da sua vida se manteve "fiel a uma forma de viver solidariamente".

IEL (HPG/LYFS/MLL) // SMA

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