Díli,
25 jul (Lusa) - O secretário de Estado da Cooperação português considerou hoje
que chegou a altura de a CPLP ouvir os seus povos sobre o que consideram
importante para tornar as relações "mais musculadas e robustas" e
tomar decisões que beneficiem as populações.
"Há
uma grande convivência, uma grande comunidade de povos e uma boa vontade. Mas
daí a haver um conjunto de decisões tomadas por quem as pode tomar que sirvam
esses povos, não", disse Luís Campos Ferreira em entrevista à agência Lusa
em Díli, Timor Leste.
"Chegou
a altura de ouvir esses povos sobre o que sentem que é importante para que as
relações sejam mais musculadas e robustas. Cada país vai ter que fazer esse
trabalho de casa o mais rapidamente possível", afirmou.
Luís
Campos Ferreira falava depois de participar, em representação de Portugal, na
XX reunião do Conselho de Ministros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa), encontro em Díli, no qual se deliberou, entre outros aspetos,
envolver a sociedade civil com consultas sobre o que deverá ser a "nova
visão estratégica" da CPLP.
Caberá
a cada Estado recolher contributos das suas sociedades, nas mais diversas
áreas, que depois serão incorporados num relatório a analisar na reunião
extraordinária do Conselho de Ministros, no primeiro trimestre de 2016 em
Lisboa, antes da cimeira de chefes de Estado e de Governo marcada para
Brasília.
"O
sentimento que existe é de que é necessário fazer coisas que tenham impacto na
vida dos cidadãos. É uma comunidade de afetos de línguas, mas que deve trazer
vantagens para as suas vidas", insistiu.
Durante
o encontro de Díli evidenciou-se a defesa, por grande parte das delegações, de
tornar a CPLP mais ágil e capaz de responder de forma prática às suas
sociedades, com especial enfase para questões económicas.
Campos
Ferreira considera compatíveis as duas correntes sobre a direção futura da
CPLP: regressar às origens, retomando os objetivos dos fundadores, defendida
por países como o Brasil, e adotar uma agenda mais económica, apoiada por
países como Timor-Leste e Moçambique, entre outros.
"Estamos
com 20 anos de CPLP e é necessário repensar e criar novos desígnios. Os pilares
sabe-se bem quais são, os afetos, a língua, esses denominadores comuns, de
edifícios administrativos e jurídicos muito similares, que criam grandes
proximidades, uma grande cooperação entre os povos", afirmou.
"Mas
chegou a hora em que é necessário criar novos desígnios. Esses novos desígnios
passam por criar futuro. O futuro não é só economia. São as novas tendências
nas diversas áreas, nas artes, ciências, investigação, nas academias e na troca
de conhecimento", disse.
Segundo
explicou, na reunião, os países membros da CPLP estão em "diversos
estádios do que é o conhecimento" pelo que a cooperação entre os
Estados-membros "deve ser muito virada para o desenvolvimento, para os
aproximar mais, para a transferência do conhecimento".
Paralelamente,
disse, a comunidade deve trabalhar para "criar uma atmosfera favorável a
que haja mais economia" porque "mais economia dá mais amizade e mais
amizade mais economia também".
Isso,
disse, "não diminui em nada aquilo que são as bases hereditárias da
CPLP".
Ao
mesmo tempo, considerou, a CPLP quer que o crescente número de países que
querem estatuto de observadores tenha um papel cada vez mais relevante na
organização e no desenvolvimento da relação multilateral.
Sobre
questões mais práticas, como a mobilidade, recordou que os Estados-membros não
têm uma participação de exclusividade da CPLP, integrando em paralelo blocos
como a União Europeia, no caso de Portugal, o que cria alguns condicionantes.
Questão
a que se somam as preocupações com eventuais fluxos migratórios excessivos para
determinados países.
ASP
// ZO
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