Díli,
16 dez (Lusa) -- O secretário-geral da Fretilin considera que o ideário
político e os "valores e princípios" de integridade moral e económica
desta força política timorense levam a que muitos "tenham grande
receio" de ver o partido a governar.
"Acho
que têm mais receio agora do que antes. Porque a Fretilin (Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente) tem no seu ideário político valores
e princípios de integridade moral, integridade económica", afirmou em
entrevista à Lusa.
"Como
instituição, e não estou a dizer que toda a gente na Fretilin seja assim, tem
esses valores. E as pessoas não querem, porque habituaram-se a uma vida fácil,
habituaram-se a esbanjar dinheiro, habituaram-se a uma acumulação primitiva do
capital de uma forma inaceitável", considerou.
Alkatiri
falava à Lusa no ano em que se cumprem 40 anos da proclamação unilateral da
independência de Timor-Leste, quando o país é governador por um executivo de
unidade nacional, em que elementos da Fretilin também participaram, e quando já
se pensa nas eleições legislativas e presidências de 2017.
"As
pessoas ficam sem saber porque é que depois de tanta coisa eu continuo a luta.
Porque a minha luta não é só para afirmar os direitos deste povo, mas também
para afirmar a luta contra a discriminação, afirmou.
Sobre
as visões externas relativamente a Fretilin, Alkatiri insiste que "as
coisas já mudaram" e que hoje os vizinhos mais próximos já entendem o
papel do seu partido, apesar da contestação do passado.
Questionado
sobre a situação em 2006 -- quando Timor-Leste esteve à beira da guerra civil
-- Alkatiri insiste que o objetivo de forças externas era "acabar com o
espirito da resistência", pelo que os alvos foram não apenas a Fretilin
mas também o braço armado da resistência, as Falintil.
O
então primeiro-ministro recorda que o então chefe de Estado, Xanana Gusmão, já
"reconheceu que se tivesse percebido isso nunca teria feito o que
fez", pressionando para a saída de Alkatiri.
Na
ocasião, o primeiro-ministro aceitou demitir-se, num conflito aberto com o
Presidente: "Eu demiti-me, o Governo caiu, mas o parlamento não tinha
caído. Ele não tinha competência constitucional para dissolver o parlamento,
porque a crise institucional não envolvia o parlamento. Era a presidência da
República e o Governo e o Governo cedeu. Eu cedi. A partir daí ficou desarmado",
recorda.
ASP
// PJA
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