Díli,
16 dez (Lusa) - Um novo Governo de unidade nacional, depois da demissão de
Xanana Gusmão como primeiro-ministro, as celebrações dos 500 anos dos contactos
entre portugueses e timorenses e os projetos do enclave de Oecusse marcaram
2015 em Timor-Leste.
O
ano ficou ainda marcado pelas várias reuniões setoriais sob a presidência
timorense da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e ainda pela operação
conjunta, militar e policial, que acabou com a morte do ex-guerrilheiro Mauk
Moruk.
2015
termina como começou, com a política a regressar ao debate nacional, neste caso
já a pensar nas eleições de 2017 e na possibilidade da candidatura do atual chefe
de Estado, Taur Matan Ruak, ao Governo.
A
política foi, aliás, o assunto dominante logo no arranque do ano quando Xanana
Gusmão se demitiu do cargo de primeiro-ministro, negociando depois com os
quatro partidos com representação parlamentar para a formação de um Governo de
unidade nacional.
O
Governo, o VI constitucional, acabou por ser formado sob a liderança de Rui
Maria de Araújo, da Fretilin, o segundo partido no parlamento, atrás do CNRT de
Xanana Gusmão.
Debates
sobre o modelo de unidade nacional - depois de vários anos de apoio por
unanimidade no parlamento ao orçamento de Estado - continuaram ao longo do ano,
com defensores a apostarem na continuidade deste modelo e críticos a referirem
a falta de pluralidade.
Igualmente
nos debates políticos em Timor-Leste estiveram as questões associadas á criação
da Região Administrativa Especial e da Zona Especial de Economia Social de
Mercado (ZEESM) de Oecusse-Ambeno, que este ano recebeu 116 milhões de dólares
do Estado.
Um
projeto que marcou a crescente aproximação entre Xanana Gusmão e o
ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri e secretário-geral da Fretilin, escolhido
para liderar a ZEESM.
Os
projetos de Oecusse marcaram igualmente o ano, em especial na fase final de
2015 quando a região acolheu as comemorações dos 500 anos dos contactos entre
portugueses e timorenses, num ano em que Timor-Leste assinou também a
concordata com a Santa Sé.
A
CPLP esteve presente constantemente durante o ano, com várias reuniões
setoriais, em áreas como a justiça, a educação ou a administração interna.
O
ano que agora termina ficou ainda marcado pela operação conjunta que o Governo
timorense levou a cabo entre março e agosto para procurar o ex-guerrilheiro
Mauk Moruk e os seus apoiantes e que envolveu centenas de efetivos das forças
de defesa e da polícia.
A
operação só foi terminada em agosto, dias depois de Mauk Moruk e de dois dos
seus apoiantes serem mortos numa troca de tiros com efetivos das forças de
segurança.
Numa
resolução de 11 de março, o Governo tinha criado "um grupo operacional de
intervenção conjunta das forças de defesa e das forças de segurança, para uma
resposta rápida e eficiente de prevenção de atos graves de perturbação da ordem
pública, levados a cabo por grupos organizados".
O
ano ficou ainda marcado pelo setor da justiça, com a criação da Polícia
Cientifica de Investigação Criminal (PCIC), projeto apoiado por Portugal,
auditorias criticas a vários departamentos do Governo, o chumbo do terminal de
contas ao maior contrato do país e o arranque do julgamento mais esperado de
sempre, da ex-ministra das Finanças Emilia Pires, e que ainda não terminou.
2015
termina sem que tenha ficado resolvido o caso de Tiago Guerra, um cidadão
português detido em outubro de 2014, que cumpriu oito meses de prisão
preventiva e continua em Díli, sem ser acusado e impedido de sair do país.
ASP
// PJA
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