sexta-feira, 6 de maio de 2016

Ministro da Educação timorense empenhado no português apesar dos desafios


Díli, 06 mai (Lusa) - O ministro da Educação timorense reiterou hoje o empenho no ensino do português em Timor-Leste, com o apoio de Portugal e do Brasil, apesar de reconhecer os desafios de uma língua que ainda não é muito usada.

"A língua portuguesa ainda não é uma língua usada fluentemente. É um desafio que devemos reconhecer. Mas não é um obstáculo ou um impedimento. É apenas um desafio, que vamos ultrapassar", disse António da Conceição.

"Cabe-nos a nós, governantes, continuar a reafirmar quem somos e como chegámos aqui. Isso ajuda a ultrapassar os nossos desafios e a manter a nossa identidade como timorenses e assim também contribuímos para a nossa existência global", afirmou.

O governante timorense, que falava num seminário sobre a língua portuguesa em Díli, recordou que a celebração, estes dias, da semana da língua portuguesa é um evento que, para Timor-Leste, "constitui uma afirmação histórica e também uma afirmação de ser timorense".

O português "faz parte da identidade de Timor-Leste", disse, "porque a língua assim nos identificou e nos fez ser timorenses, hoje".

Apesar disso e de o "português ter sido a língua da resistência", o ministro insistiu que há que reconhecer os desafios atuais, especialmente na área da educação em português.

"A lei de base da educação diz que as línguas de ensino são português e tétum, mas não podemos ignorar que os nossos professores, compatriotas que estão a dedicar-se ao ensino e à educação e que têm que enfrentar este desafio", disse.

O ministro saudou o apoio das autoridades portuguesas e brasileiras e o trabalho que tem sido dado para manter o ensino em português em todo o Timor-Leste.

Manuel Gonçalves de Jesus, embaixador de Portugal em Díli, reiterou o empenho das autoridades portuguesas em "cimentar a cooperação" com Timor-Leste no ensino do português.

E agradeceu aos professores que "no dia-a-dia trabalham no ensino do português", participando numa "política linguística ativa".

José Dornell, embaixador do Brasil em Díli, afirmou, por seu lado, que "a língua portuguesa é uma característica e traça essencial da identidade" de Timor-Leste.

"Os líderes deste país, na sua visão de longo prazo e de amor pela pátria têm reiteradamente declarado a importância da língua, do domínio da língua como instrumento de conhecimento e de contacto com o mundo e sobretudo de consolidação da própria nacionalidade, da pátria e dos seus filhos", afirmou.

O seminário - com dezenas de participantes, incluindo alunos da Escola Portuguesa de Díli - decorre no INFORDEP, o principal centro de formação de professores em Timor-Leste onde têm colaborado, ao longo dos últimos anos, vários docentes lusófonos.

ASP // NS

1 comentário:

Azancot de Menezes disse...

O “empenho” do Ministério da Educação timorense é (muito) discutível e depende obviamente dos pontos de vista de cada um. A Universidade de Díli (UNDIL), membro do FORGES - Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa, realizou em 2015 e 2016 duas feiras do livro de língua portuguesa, tem assinado um acordo de cooperação com a Universidade de Lisboa, e tem efectuado imensos esforços para a implementação e o desenvolvimento da língua portuguesa no País. Este ano projectou abrir um curso de formação inicial de professores de língua portuguesa. Para o efeito, concebeu um plano de estudos de nível internacional sob o ponto de vista científico-pedagógico, com os requisitos exigidos pela agência de acreditação nacional, seleccionou professores altamente capacitados e conhecedores da realidade sociolinguística timorense, constituiu uma pequena biblioteca de língua portuguesa sem apoio de nenhuma autoridade local, nem do Instituto Camões de Lisboa, apesar de ter havido um pedido formal, constituiu uma turma de 16 estudantes, mas quando solicitou um insignificante apoio financeiro ao Ministro da Educação do nosso País, nem sequer resposta houve! Depois de muita insistência, um alto funcionário deste Ministério alegou que não havia orçamento (!) e que a UNDIL antes de abrir um curso devia primeiro saber se há verbas…ou seja, na minha opinião, não há empenho rigorosamente nenhum do Ministério da Educação, e tomam-se decisões em matéria de política educativa erradas, arbitrárias, com base em critérios totalmente subjectivos, incompetentes e sem transparência. A hipocrisia geral é tanta que o Pró-reitor da UNDIL foi a Lisboa premeditadamente para reunir-se com as autoridades do Instituto Camões e nem sequer foi recebido, note-se, por ninguém! Assim vamos andando na terra onde se quer falar a língua de Camões…e depois admiram-se que o lobby anglófono e outros estejam a ganhar espaço.