Macau,
China, 18 set (Lusa) -- O manual de ensino "Português Global",
publicado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM), vai ser lançado
oficialmente no próximo mês e depois distribuído na China graças a um inédito
acordo com uma editora de Pequim.
O
lançamento vai ter lugar por ocasião da V conferência ministerial do Fórum para
a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua
Portuguesa (Fórum Macau), marcada para 11 e 12 de outubro, embora a data em
concreto ainda esteja por decidir, adiantou à agência Lusa o presidente do IPM,
Lei Heong Iok.
O
acordo alcançado no ano passado com a Commercial Press constitui o primeiro do
tipo em que uma editora chinesa vai difundir manuais de ensino de português
produzidos fora do interior da China, como explicou, em abril, o coordenador do
Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Carlos André.
O
manual é essencialmente o mesmo, com ligeiras variações, a fim de o moldar
ainda mais ao público-alvo.
Em
princípio, no mesmo dia do lançamento oficial do manual, vai ser lançado um
outro livro, editado pelo IPM, da autoria de Carlos André, adiantou Lei Heong
Iok.
"Uma
língua para ver o mundo: olhando o português a partir de Macau" é o título
da "coletânea de ensaios", todos inéditos à exceção de dois, escritos
ao longo do tempo, em particular nos últimos dois anos.
À
Lusa, Carlos André explicou que a obra oferece "reflexões": "É
de natureza ensaística, mas não é um livro académico no sentido clássico da
palavra. São reflexões".
Essas
"reflexões" incidem principalmente sobre o atual ponto de situação,
mas "apontam obviamente perspetivas ou caminhos".
Para
Carlos André, do 'boom', que fez com que de quatro universidades a China
passasse a ter hoje 33 com ensino do português -- 23 das quais em licenciatura
-- resulta um problema: a "escassa preparação dos docentes e "a falta
de materiais".
"Eles
falam muito bem português porque se formaram em boas escolas, quase todas na
China, muitas vezes com um ano passado em Portugal -- às vezes mais -- muitos
deles até têm mestrado, (...) mas aprenderam português, não a ensinar
português", explicou Carlos André.
Sobre
o futuro do ensino português na China, o académico rejeita uma estagnação:
"O sistema está em crescimento ainda -- não a este ritmo vertiginoso, mas
está em crescimento, o que significa que estes problemas vão perdurar por pelo
menos uma dúzia de anos até chegarmos a um ponto em que haja pelo menos dois
doutorados já nesta área em cada universidade".
Até
lá, "temos de ser nós a fazer o que é necessário para apoiar este corpo
docente cheio de vontade e generosidade. Nós, não digo portugueses apenas, mas
nós a partir de Macau que tem uma missão específica que a História lhe
confere", argumentou.
Entretanto,
adiantou, o Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM
prepara-se para lançar, até ao final do ano, pelo menos quatro livros, na área
da escrita ou fonética, e o quarto volume do "Português Global".
Em
curso, encontra-se "uma história das literaturas de língua portuguesa para
não especialistas", obra a cargo de José Carlos Seabra Pereira, professor
da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra que esteve como docente
convidado no Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, que
venceu o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho/Câmara Municipal de Vila
Nova de Famalicão pela obra "O delta literário de Macau".
O
lançamento está previsto ainda para o final deste ano ou início do próximo.
"A
questão da edição ainda não está devidamente definida, ou seja, se vai ser
edição exclusiva do IPM ou uma coedição, uma vez que não é um livro só para
Macau, mas que se pretende para um universo que ultrapassa largamente as
fronteiras de Macau e da Ásia", explicou Carlos André.
DM
// VM
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