segunda-feira, 3 de abril de 2017

PEDALAR DE PORTUGAL A TIMOR-LESTE POR TERRAS DO ORIENTE

De Portugal a Timor-Leste… em bicicleta. A estimativa da distância a percorrer é de 14,339 km, em 540 dias, que completam 12,960 horas. Entre Portugal e Timor-Leste o percurso divide-se entre 20 países. A partida de Portugal está prevista para Junho. Os preparativos são demorados e por enquanto não há uma data exata quanto ao início do “passeio”. Um português, Abel Branco, propõe-se à “odisseia” solitária que o fará pedalar por meio-mundo, até Timor Lorosae.

Abel Branco, português, fotógrafo, com pernas e músculos quanto baste, tem por objectivo entre as pedaladas dar aulas e fazer actividades gratuitas relacionadas com a ecologia, a reciclagem e o meio ambiente. Em todos os países em que passar tentará educar os que o quiserem escutar para um futuro comum melhor para todos. Desde Portugal até Timor-Leste somará 20 países a pedalar, incluindo Espanha, França, Itália, Eslovénia, Croácia, Sérvia, Roménia, Bulgária, Turquia, Irão, Paquistão, Índia, Birmânia, Laos, Cambodja, Tailândia, Malásia, Indonésia e Timor-Leste.

Durante todas esta longa viagem o número de emissões de C02 será igual a “zero”, conforme podemos ver inscrito no site “Free CO2 for our future” e também no Facebook em página com mesmo título.

A tarefa a que Abel Branco se propõe não é fácil mas é absolutamente possível, apesar de nunca antes ter acontecido. Há 500 anos os portugueses chegaram a Timor-Leste nas caravelas, eram algumas dezenas em cada nau. Na atualidade há um português que se propõe ali chegar de bicicleta, pedalando através de 20 países. Meio-mundo a pedalar, energia limpa e fraternidade, por um mundo melhor.

Projeto que se pode classificar de dantesco, ainda mais por ser solitário, visto que Abel Branco vai sozinho por esse meio-mundo fora. O Timor Agora teve curiosidade de saber mais e também de mostrar e acompanhar Abel Branco, o protagonista, para partilhar com os que nos lêem. Para “aperitivo” decidimos solicitar-lhe uma pequena entrevista e desse modo “mostrar” Abel Branco e a “odisseia” a que se propõe. Futuramente acompanharemos a viagem sem emissões de CO2 para a partilhar com os que nos lêem e se interessam por esta peculiar e corajosa “aventura”.

PEDALAR POR MEIO-MUNDO, POR TIMOR E POR UM PLANETA MENOS POLUÍDO

Timor Agora - Como e porque surgiu a ideia de tomares a iniciativa de enveredares pela aventura que envolve tantos quilómetros a pedalar e tanto tempo para a concretizarem?

Abel Branco - A iniciativa surgiu à cerca de dois anos atrás, comecei a pensar e idealizar este projecto, decidi fazer isto até Timor de bicicleta para termos uma consciência maior sobre a natureza, os meios de transportes que usamos, bem como as emissões de CO2. Toda a viagem será pensada de uma forma ecológica, para um futuro comum ainda melhor.

TA - Que experiência tens de percorrer grandes distâncias a pedalar por Portugal e países estrangeiros?

AB - Gosto de muito de usar a bicicleta na minha cidade, o Porto, mas não é um sítio muito bom para o fazer porque é muito inclinado e por isso torna-se difícil. Nunca fiz nenhuma viagem de longo curso em bicicleta, daí também ser uma novidade para mim.

TA - Certamente que tens consciência de que vais percorrer muitos quilómetros e atravessar países que não oferecem a segurança que encontramos em Portugal ou na Europa.

AB - Eu acho que a insegurança, poderá aparecer em qualquer sítio, tanto na Europa como na Ásia, já vivi em ambos e nunca tive nenhuma problema, vivi em países como a Índia e a Roménia, lugares que muitas vezes são olhados como inseguros, mas na realidade não é isso que acontece! Daí os receios não surgirem em grande número.

TA – Que tipo de preparativos estás a providenciar para ultrapassar eventuais dificuldades em países considerados menos seguros?

AB - As dificuldades podem aparecer em qualquer lado, tenho só de estar mentalmente preparado para qualquer imprevisto, e ter a clareza de pensar de uma forma correcta e equilibrada, se me aparecer uma situação mais perigosa.

TA - Que te levou a decidir esta aventura num percurso tão longo como é Portugal – Timor-Leste? Algo de pessoal que te liga a Timor-Leste?

AB - Eu sempre quis visitar Timor, sempre foi um grande sonhos, já vivi 1 ano na Ásia mas nunca visitei este lugar mágico, que sempre me trouxe tanto fascínio, pelas pessoas serem tão genuínas e de bom trato, a cultura rica e ancestral, e muitas tradições relacionadas com a portuguesa. Daí sempre ter um enorme fascínio por esta Terra encantada, e finalmente vou conhecê-la.

TA - Como achas que os timorenses te vão receber em Timor-Leste?

AB - Por todos os timorenses que conheço, eles irão me receber de braços abertos, com um enorme respeito e carinho, com um sorriso único e são muito amigos e hospitaleiros, e preocupados também. Acho que é assim que melhor consigo descrever este povo tão especial para mim.

TA - Na tua militância ecológica e a bem do planeta também estás a reservar tempo para intervenções nessa disciplina com os timorenses?

AB - Vou fazer actividades relacionadas com a protecção do meio ambiente, ecologia e reciclagem em todos os países por que passar. Sendo Timor o último terei mais tempo ainda para me dedicar unicamente a essas actividades.

TA - Como têm reagido familiares e amigos ao tomarem conhecimento da aventura que vais protagonizar?

AB - Os familiares e amigos julgo que estão ansiosos pelo início desta viagem. Também com o passar dos anos, e de algum tempo passado em outros países, eles acabam por ficar menos preocupados, e mais confiantes.

TA - Já angariaste os apoios necessários para a viagem?

AB - Os apoios estão a ser angariados, neste momento estou à procura de patrocinadores, se alguém gostar do projecto e queira fazer parte dele, entre em contacto comigo, terei todo o gosto em ter mais, e mais parcerias.

TA - Como vais regressar? De avião ou novamente a pedalar?

AB - Irei regressar de avião, não só por ser mais cómodo e menos doloroso, mas também porque como estarei longe da minha família e amigos, o avião será mais rápido, e conto chegar a Portugal em Dezembro de 2018, para passar o Natal em Portugal.

Nota: Não esqueça que Timor Agora tem intenção de acompanhar a viagem de Abel Branco à distância, talvez com os relatos possíveis que Abel Branco faça chegar até nós durante o longo percurso. Se assim acontecer partilharemos com todos que nos visitem como decorre a "aventura" do solitário mas corajoso ciclista do meio-mundo.

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