Díli,
30 mai (Lusa) - O presidente do Parlamento Nacional timorense homenageou hoje
os deputados da Assembleia Constituinte que há 15 anos aprovaram a Constituição
do país afirmando ao mesmo tempo a "improbabilidade e originalidade"
de Timor-Leste e da sua identidade.
"Timor-Leste,
através da coragem, visão e dedicação dos Deputados Constituintes, afirmou-se
também por esta improbabilidade e originalidade de influências culturais,
optando por desenhar e aprovar uma Constituição única na região e
verdadeiramente defensora dos direitos fundamentais mais avançados", disse
Adérito Hugo da Costa.
"Também
através da Constituição, os timorenses demonstraram que se tratam de um povo
antigo, com influências culturais seculares corporizado num país novo, e com
uma identidade que se também encontra à distância, em que há elementos que
estão mais além, longe da região onde se encontra, afirmando influências únicas
e distintivas", sublinhou.
Adérito
Hugo da Costa participava numa sessão solene especial que assinalou hoje os 15
anos da constituição no Parlamento Nacional e em que participaram alguns dos
membros da Assembleia Constituinte, alguns dos quais ainda são hoje deputados.
Homens
e mulheres, disse, que "souberam ter a visão de preservar esta
originalidade e de projetar a criação das bases do país preparando-o para a
modernidade, não esquecendo os direitos fundamentais, nomeadamente os direitos
humanos e sociais nas suas formas mais avançadas".
"Da
improvável independência à atual luta por uma fronteira marítima justa e
equitativa, os timorenses têm demonstrado uma resiliência e um sentido de
justiça e de determinação muito para além do expectável para um país da sua
dimensão", afirmou.
"Ser
timorense é no fundo a afirmação de uma certa forma de heroísmo", disse
ainda.
Na
sua intervenção Adérito Hugo da Costa - que acompanhou o processo
constitucional como jornalista - disse que a lei base do país
"institucionalizou um sonho que muitos consideravam impossível e deu forma
escrita a uma alma comum que exigiu um corpo".
Um
primeiro passo a que se seguiram enormes desafios, muitos dos quais continuam
hoje, recordou, e que obrigam a "reinventar a independência"
diariamente procurando evitar a "absorção cultural pelos países
vizinhos".
Saudando
os deputados constituintes, muitos dos quais estiveram na sessão de hoje, o
presidente do Parlamento Nacional reconheceu o "cunho muito próprio"
que impuseram na lei base escolhendo "não se inspirar nos vizinhos, não
aceitaram a língua oficial que os mais avançados teóricos vendiam como sendo a
mais 'moderna', 'eficiente' e 'globalizada'".
Além
de sessão solene de hoje o Parlamento Nacional evoca ainda o 15.º aniversário
da Constituição - que foi aprovada em março de 2002 e entrou em vigor a 20 de
maio seguinte - com eventos inseridos na Semana da Língua Portuguesa.
Nesse
âmbito, na segunda-feira inaugurou-se uma exposição com biografias de
escritores timorenses e excertos das suas obras em língua portuguesa.
Hoje
foi inaugurada uma outra exposição com excertos dos debates da Assembleia
Constituinte sobre as línguas oficiais e com documentos produzidos pela
Assembleia Constituinte e lançada uma edição especial da Constituição.
Na
quinta-feira decorre um debate sobre o processo constitucional que vai ser
aberto pelo chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, que foi presidente da
Assembleia Constituinte e primeiro presidente do Parlamento Nacional.
Ana
Pessoa, ex-membro da Constituinte e ex-ministra da Justiça, e os antigos
membros do órgão que aprovou a Constituição Vicente da Silva Guterres e Manuel
Tilman participam também no debate que é encerrado pelo presidente do
Parlamento Nacional, Adérito Hugo da Costa.
ASP
// DM
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