Por
António Sampaio
Timor-Leste
está em período de reflexão para as legislativas de sábado e o melhor símbolo
disso, depois da euforia e da festa da campanha, é o vazio dos 'outdoors'
gigantes de onde desapareceram os cartazes dos partidos.
Como
que por magia desapareceram bandeiras, cartazes e faixas penduradas em casas,
edifícios, postes elétricos e em 'outdoors' gigantes em vários pontos da cidade.
Até
os autocolantes que foram colocados em paredes ou em postes parecem ter
desaparecido numa operação que foi concluída durante a noite de quarta-feira e
madrugada de hoje.
Depois
de nos últimos dois dias a cidade ter sido dominada por caravanas dos dois
maiores partidos do país, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT)
e a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), hoje Díli
recuperou a normalidade urbana.
Visíveis
são já os sinais do que será o arranque da grande mobilidade para o voto.
Estima-se que cerca de metade dos eleitores timorenses se desloquem para votar
no sábado, alguns para zonas ou locais mais remotos.
Apesar
de terem tido amplo tempo para mudar o seu recenseamento, muitos não o fizeram
ou optaram por não fazer e, por isso, Díli - uma cidade que é cada vez mais um
caldeirão de timorenses de todo o lado - vai estar nos próximos dias mais vazia
do que o normal.
A
pensar nisso, o Governo aprovou esta semana em Conselho de Ministros tolerância
de ponto para sexta-feira o que permite aos eleitores deslocarem-se para os
municípios onde estão recenseados.
O
único sítio onde ainda sobram resquícios da campanha é nas redes sociais, onde
os horários são impossíveis de manter e onde publicações com imagens dos últimos
comícios continuam a ser partilhadas.
Fotos
que mostram a multidão que o Partido Libertação Popular (PLP) reuniu no
aeroporto de Baucau (a segunda cidade), no fecho da sua campanha na
quarta-feira, ou que a Fretilin reuniu no encerramento da sua campanha, em
Díli, no mesmo dia.
Apoiantes
dos dois partidos falam de 'tsunamis' de apoio.
Mesmo
sem campanha, a agitação de uma cidade que vai às urnas no sábado nota-se
noutros espaços, no Secretariado Técnico de Assistência Eleitoral (STAE) e na
Comissão Nacional de Eleições (CNE) e com a presença maior do que o normal de
estrangeiros.
No
terreno estão já as equipas de observadores nacionais e internacionais,
incluindo uma vasta equipa da União Europeia, equipas das organizações
norte-americanas National Democratic Institute (NDI) e International Republican
Institute (IRI), de várias organizações australianas e ainda do corpo
diplomático acreditado em Díli.
Entre
os observadores há cinco eurodeputados, incluindo os portugueses Ana Gomes e
Inácio Faria, e a basca Izaskun Bilbao Barandica, que lidera a missão de
observação europeia.
Estão
recenseados para votar 764.858 eleitores, entre os quais 1.101 recenseados na
Austrália, 589 em Portugal, 208 no Reino Unido e 227 na Coreia do Sul.
As
autoridades eleitorais timorenses vão instalar 1.121 estações de voto em 859
centros de votação para as legislativas, dos quais pelo menos sete funcionarão
no estrangeiro, na Austrália (Darwin, Sydney e Melbourne), Coreia do Sul,
Portugal e Reino Unido.
Cerca
de metade dos eleitores tem de se deslocar para outro ponto do país no dia da
votação, segundo estimativas das autoridades eleitorais.
As
urnas estarão abertas entre as 07:00 e as 15:00 de sábado (23:00 de sexta-feira
e 07:00 de sábado, hora de Lisboa).
SAPO
TL com Lusa | Foto@ Nuno Veiga/EPA
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