Díli,
26 jul (Lusa) - O Presidente da República timorense recebeu hoje líderes dos
três partidos mais votados nas eleições de sábado passado, numa ronda de
contactos que antecede reuniões formais de formação de Governo, previstas para
a próxima semana.
Os
encontros, que decorreram no Palácio Presidencial e que devem ser seguidos de
reuniões idênticas com pelo menos duas outras forças políticas na quinta-feira,
são o primeiro passo para a criação de um clima de "diálogo"
pós-eleitoral.
Com
uma vitória por uma margem de apenas mil votos, a Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin) deverá ser a primeira convidada a formar
Governo, tendo o secretário-geral do partido reiterado hoje o seu empenho no
diálogo com outros partidos.
Depois
do encontro com o Presidente, Francisco Guterres Lu-Olo, o líder da Fretilin,
Mari Alkatiri, mostrou-se confiante de que o próximo Governo será liderado pelo
seu partido, que terá 23 deputados, com o apoio do Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão - 22 lugares - e aberto a
pessoas válidas "dentro e fora" das lides partidárias.
"Eu
nunca tive dúvidas a esse respeito. Acho que é isso mesmo que vai
acontecer", disse Mari Alkatiri, questionado pela Lusa sobre se considera
viável um Governo com o CNRT ou o apoio do partido.
Do
lado do CNRT, em lugar do líder, Xanana Gusmão, que desde as eleições não falou
ainda com a imprensa, surgiu na reunião com o Presidente o secretário-geral do
partido, Francisco Kalbuadi, que disse aos jornalistas que o eleitorado
timorense deixou uma mensagem clara de que os líderes do país têm que
"trabalhar juntos".
Apesar
disso, Kalbuadi remeteu uma decisão sobre a posição do partido no que toca à
formação de Governo para uma conferência nacional que se realiza no sábado.
"Isto
não tem nada de derrota, porque foi uma mensagem muito clara. A mensagem do
povo demonstra que temos que trabalhar juntos num ambiente de paz e
confiança", afirmou à saída do encontro com Francisco Guterres Lu-Olo no
Palácio Presidencial.
"Não
foi uma reunião para formação de Governo, mas para ajudar a criar um ambiente
de paz e de confiança entre todos os líderes políticos. Foi uma boa
oportunidade e uma honra para o CNRT", explicou.
Ainda
hoje, Lu-Olo recebeu o seu antecessor no cargo, Taur Matan Ruak, que levou o
estreante Partido de Libertação Popular (PLP) ao terceiro lugar nas eleições, o
que lhe garante oito lugares no parlamento de 65.
Depois
da reunião com Lu-Olo, o líder do PLP confirmou aos jornalistas que não vai ser
deputado - para trabalhar pelo partido e "ser voz para aqueles sem voz no
país" - e que, "como partido pequeno, [o PLP] está mais vocacionado
para a oposição".
"Vou
deixar para os jovens. Vou estar mais a preparar o meu parido, a trabalhar no
meu partido. Os jovens [podem ter] muito mais [voz] do que eu. Vou trabalhar
para o meu partido, o PLP, e vou continuar a ser uma voz para aqueles sem voz
no país", disse.
Matan
Ruak disse que os deputados do PLP estarão no Parlamento Nacional comprometidos
a fazer uma oposição "mais educada, mais racional, mais construtiva".
Na
quinta-feira, Lu-Olo deverá reunir-se com a liderança das restantes duas forças
com assento parlamentar, o Partido Democrático (PD) e o Kmanek Haburas Unidade
Nacional Timor Oan (KHUNTO).
Desde
terça-feira, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) está a realizar a tabulação
nacional dos votos, processo que inclui tomada de decisão sobre os cerca de 200
votos reclamados durante a contagem.
Os
resultados terão ainda que ser certificados pelo Tribunal de Recurso e, só
depois disso, na próxima semana, deverão decorrer as reuniões de formação de
Governo.
ASP
// FPA
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