A
Fretilin, partido timorense mais votado, espera que o CNRT, a segunda força
política do parlamento, "retribua" dando ao VII Governo o apoio em
incidência parlamentar que teve para governar nos últimos anos, disse um dos
seus dirigentes.
"Nos
últimos anos a Fretilin fez o que fez, ajudar a dar solução para o problema.
Contribuímos ao CNRT com incidência parlamentar. Esperamos uma retribuição do
CNRT neste momento e acho que isso também foi afirmado pelo seu líder máximo,
Xanana Gusmão, que disse que o CNRT seria oposição, mas iria contribuir para
garantir estabilidade governativa", disse à Lusa José Reis, o
secretário-geral adjunto da Frente Revolucionaria do Timor-Leste Independente
(Fretilin).
A
posição da Fretilin surge depois de o CNRT ter anunciado que integrava um bloco
de oposição (maioritário) que se oferece como alternativa de Governo se o
Programa do executivo for chumbado na próxima semana no Parlamento Nacional, o
que implica a queda do executivo.
Recorde-se
que desde as eleições de 2012 - que o Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT) venceu sem maioria absoluta - a Fretilin deu praticamente
apoio unânime à ação governativa, votando favoravelmente programa e Orçamento
do Estado.
Depois
da demissão de Xanana Gusmão como primeiro-ministro, no início de 2015, a
Fretilin chegou mesmo a ‘emprestar' membros do seu Comité Central para integrar
o Governo de inclusão, entre eles o próprio primeiro-ministro, Rui Araújo.
"Desde
2007, a Fretilin esteve na oposição mas nem um minuto fez manifestações,
contestações ao Governo. Contribuiu sempre como oposição forte e crítica no
Parlamento Nacional", recordou.
"Após
2012 e depois de uma grande reflexão, a Fretilin decidiu que teria uma nova
postura política para contribuir para construir a paz e a estabilidade, para o
diálogo, harmonia e para o processo de desenvolvimento nacional", disse
hoje José Reis, num encontro com jornalistas.
Uma
outra questão que ainda não foi esclarecida é se a posição da bancada do CNRT é
totalmente apoiada pelo presidente do partido, Xanana Gusmão, que atualmente
está a representar o Estado timorense em negociações em Haia com a Austrália
sobre fronteiras marítimas.
Na
segunda-feira, Dionísio Babo, deputado e presidente da Comissão Diretiva
Nacional do CNRT, não clarificou se a postura adotada no parlamento tinha ou
não o apoio de Xanana Gusmão, que declarou, depois das eleições, que o partido
não aceitaria "propostas de ninguém", nem convidaria "nenhum
partido para formar coligações, porque não pretendia participar no
Governo".
"Este
bloco que foi formado tem a bênção da Comissão Política Nacional do partido,
mas no diz respeito ao presidente [Xanana] ainda está fora e até hoje ainda não
tivemos um contacto formal", disse Babo.
Por
outro lado, José Reis - que é também ministro Adjunto do primeiro-ministro,
confirmou hoje à Lusa que Xanana Gusmão aceitou um convite feito pelo atual
chefe do Governo para liderar uma nova Alta Autoridade para gerir o grande
projeto da costa sul, Tasi Mane, anunciada no Programa do Governo.
"Não
sei se há ou não coordenação entre a liderança e a bancada. Mas creio que ele
aceitou ser alto-comissário para assuntos das delimitações das fronteiras e
Tasi Mane", afirmou.
José
Reis confirmou ainda que num cenário de queda do Governo a Fretilin prefere que
o Presidente da República - que é presidente da Fretilin - opte por eleições
antecipadas em vez de aceitar uma aliança de maioria parlamentar da oposição.
"O
Presidente tem toda a competência para tomar a decisão. Espero que seja
eleições antecipadas. Para mim, seria melhor voltar ao povo para tomar uma
decisão caso os políticos não saibam interpretar o que o povo quis",
disse.
A
realizar-se as eleições só poderiam ocorrer, no mínimo, a partir de janeiro do
próximo ano, já que a constituição impede que se realizem nos primeiros seis
meses depois da tomada de posse do parlamento.
Lusa
| SAPO TL
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