Díli, 18 abr (Lusa) - O
ex-primeiro-ministro timorense Rui Maria de Araújo garantiu hoje que "se
mantém firme" nas fileiras da Fretilin (no poder), apesar de agradecer os
cumprimentos de Xanana Gusmão, líder da oposição, com quem já integrou um
Governo.
"Fico honrado e até certo
ponto lisonjeado por esses cumprimentos de um líder nacional, que não mereço.
Mas o líder nacional conhece-me muito bem e sabe que não sou troca
tintas", disse à Lusa.
Os comentários de Rui Araújo
surgem depois de declarações do anterior primeiro-ministro e atual presidente
da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), Xanana Gusmão, que durante a
campanha tem louvado o homem que escolheu para o suceder na liderança do
Governo, em 2015.
Num comício, realizado na semana
passada, Xanana Gusmão 'piscou o olho' a Rui Araújo, sobre quem disse
"pensar muito", por considerar que "está metido na lama" do
seu partido, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
"Eu tenho pensado muito no
irmão Rui Araújo. Rui, sai da lama. Sai junto dos maus. Eles meteram-te na lama
e tu precisas de sair. Amo muito esse irmão do coração. Ele precisa de
levantar-se forte", afirmou durante o comício.
As declarações levaram a
sugestões de que Rui Araújo podia estar a considerar afastar-se da Fretilin e a
aproximar-se da AMP.
"Xanana Gusmão e o
secretário-geral da Fretilin conhecem-me bem e sabem que não sou troca tintas.
Continuo nas fileiras da Fretilin, optei por ser militante da Fretilin para
servir o povo, para me dedicar ao bem público e vou continuar nessa
trincheira", declarou Rui Maria de Araújo.
No início de 2015, Xanana Gusmão
demitiu-se do cargo de primeiro-ministro do V Governo e convidou para integrar
o executivo, liderado pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT),
vários membros da Fretilin, incluindo Rui Araújo.
Araújo tomou posse como
primeiro-ministro, num executivo em que Xanana Gusmão ficou com a pasta de
Planeamento e Investimento Estratégico, num período de melhor relacionamento
entre o líder histórico timorense e a Fretilin.
Nas legislativas de julho do ano
passado, a Fretilin venceu, por uma margem mínima, o CNRT e formou um Governo
minoritário com o Partido Democrático (PD) e vários independentes.
Inicialmente, Xanana Gusmão
declarou que o CNRT seria oposição, mas o partido acabou por se unir com as
duas outras forças da oposição, o Partido Libertação Popular (PLP) de Taur
Matan Ruak e o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) de José
Naimori, para formar a AMP, que se apresentou como alternativa de Governo.
A divisão causou um impasse
político que levou o Presidente de Timor-Leste, Francisco Guterres Lu-Olo, a
dissolver o parlamento e a convocar eleições antecipadas.A campanha decorre até
09 de maio e o voto a 12 de maio.
ASP // EJ
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