A delimitação de fronteiras com a
Indonésia e a Austrália é "uma prioridade" da política externa de
Timor-Leste, segundo o programa do Governo, que adianta que em breve serão
reativadas as negociações com Jacarta sobre as fronteiras terrestres.
"No âmbito da política
externa, a delimitação de fronteiras marítimas e terrestres é uma prioridade,
já que se trata de uma questão de soberania nacional. Foram, por isso, desde os
primórdios da independência, desenvolvidos esforços para iniciar negociações
quer com a Austrália, quer com a Indonésia", lê-se no programa do VIII
Governo, que será debatido esta quarta-feira no Parlamento Nacional, em sessão
extraordinária.
As fronteiras são consideradas
"uma questão de soberania, sobretudo para um país, que ofereceu todo o
tipo de sacrifícios, durante cerca de 24 anos, na defesa da sua liberdade e
independência", refere.
"A última fronteira da luta
timorense reside nos mares e oceanos que circundam Timor-Leste",
acrescenta o documento.
Com a Indonésia, o executivo
timorense pretende "reativar, no curto prazo, as negociações para
finalizar a delimitação das fronteiras terrestres, fechando assim os últimos
dois segmentos (Oben/Bijael Sunan e Citrana), em Oecusse, "assegurando
definitivamente os direitos de soberania sobre o território terrestre".
Quanto às fronteiras marítimas
com a Indonésia, "foram já iniciadas consultas formais" e os dois
países devem "retomar as negociações formais sobre as fronteiras
marítimas, imediatamente após a delimitação final das fronteiras
terrestres".
Quanto à Austrália, após o
"momento histórico" da assinatura do Tratado de Fronteiras Marítimas,
em março passado, o Governo timorense define como "prioridade máxima"
a aplicação deste acordo, nomeadamente a sua ratificação pelo parlamento e a
continuação das negociações "com as companhias petrolíferas envolvidas no
Campo do Greater Sunrise, para o estabelecimento de um regime especial em benefício
de ambas as partes".
Ainda no capítulo da política
externa, o país pretende "reforçar as relações de amizade e de cooperação
bilateral com países amigos e importantes parceiros de desenvolvimento",
colocando Portugal em primeiro lugar, seguido da Austrália, Indonésia, Estados
Unidos da América, Cuba, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul e China, bem como
os restantes BRICS (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste
Asiático) e com os países da região do Golfo.
Preparar a adesão à Commonwealth
e prosseguir as reformas nacionais para que Timor-Leste se torne membro efetivo
de pleno direito da ASEAN são outras medidas previstas no programa, tal como o
reforço dos laços de amizade com a Santa Sé e a aposta nos projetos de
cooperação com a União Europeia.
Quanto à diáspora timorense, o
Governo afirma-se "determinado em continuar a promover medidas" de
apoio aos emigrantes, propondo "legislação que permita assegurar
a prestação de serviços públicos aos cidadãos timorenses na diáspora, através
das embaixadas e consulados" de Timor-Leste, "introduzir mecanismos
de apoio e proteção consular aos cidadãos timorenses residentes no
estrangeiro" e "melhorar os mecanismos de disseminação da informação
pelas comunidades timorenses na diáspora relacionadas com a vida e com os
interesses do país".
JH // EL | Lusa
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