Díli, 05 dez (Lusa) -- Os
mini-autocarros da rede de transportes públicos de Timor-Leste estão em greve
há três dias contra a decisão do Governo em ampliar o número de licenças num
mercado que dizem estar saturado e onde os rendimentos são poucos.
"Não podemos continuar. Há
muitas microletes (nome como são conhecidos os mini-autocarros) e poucos
passageiros. E o Governo quer meter mais", explicou à Lusa Egas Ximenes da
Costa, condutor e porta-voz dos manifestantes que hoje se concentraram em
protesto no centro da cidade.
Muitas das microletes estão
paradas há dois dias no estacionamento ao lado do Centro de Convenções de Díli,
centro da capital timorense, onde hoje se concentraram os condutores que
criticam a falta de política do Governo para o setor.
A informação dos condutores é a
de que o Governo vai dar mais cinco licenças por cada uma das 12 rotas que o
transporte faz durante todo o dia, na capital timorense.
Só em Díli, onde segundo o censo
de 2015 vivem cerca de 280 mil pessoas, há a circular 981 microletes, segundo
dados dos manifestantes.
O diretor geral de Transportes e
Comunicações, Joanico Gonçalves, disse à Lusa que as autoridades já se reuniram
com os motoristas e explica que "houve alguma confusão de
interpretação" sobre os objetivos do Governo.
"Quando fizemos o despacho
sobre circulação pretendíamos aumentar uma ou duas ou três microletes,
dependendo do percurso. Mas só depois de uma análise adequada de passageiros e
demais", explicou.
"O Governo quer ir
analisando as coisas e periodicamente, determinar se aumenta ou não as
licenças", disse.
Joanico Gonçalves explicou que o
Governo pediu aos motoristas para que levantem o protesto, dando alguns dias
para que, em diálogo, se encontra uma solução adequada.
Estes motoristas recebem um
salários de 150 dólares (132 euros) por mês e depois, por dia, das vendas
conseguidas, pagam 25 dólares ao proprietário.
Coloridas de acordo com a rota em
que operam, as microletes são pequenas carrinhas adaptadas com dois lugares à
frente, ao lado do motorista, e dois bancos corridos ao longo do interior do
veículo.
No máximo - e já contando dois
'pendurados' na porta - cada carrinha transporta 15 passageiros. O número pode
ser maior nas horas de ponta, altura em que as mulheres se sentam ao colo umas
das outras).
Tracey Morgan, residente de longa
data em Díli e utilizadora muito frequente das microletes, admite que os
protestos possam ser exagerados, explicando que em algumas alturas do dia, e em
algumas rotas, os passageiros são mais do que os lugares disponíveis.
"Nos períodos mais
concorridos temos que esperar que passem três ou quatro para ter lugar",
explicou à Lusa.
ASP // SB
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