Macau,
China, 03 dez (Lusa) -- O deputado na Assembleia Legislativa de Macau Leonel
Alves pediu hoje "clarificação política sobre o que se pretende com o
ensino da língua portuguesa" no território e defendeu "um
estabelecimento de ensino autonomizado, vocacionado exclusivamente" para o
Português.
Leonel
Alves falava no segundo dia da apresentação das Linhas de Ação Governativa para
2016 das pastas dos Assuntos Sociais e Cultura do Governo de Macau, pelo
secretário Alexis Tam.
O
deputado, que se dirige ao hemiciclo em português, falava depois de esta semana
ter sido notícia que a Universidade de Macau decidiu acabar com a oferta da
cadeira de português (uma das línguas oficiais do território) como disciplina
opcional para os estudantes de cursos que não integram o departamento de
estudos portugueses.
"Também
é uma realidade constatável alguma desmoralização dos dirigentes que trabalham
com esta matéria, basta ler os jornais. (...) E alguns até tencionam desistir
da trajetória que têm vindo a desenvolver. Portanto, há necessidade de
moralizar os dirigentes, há necessidade também de melhorar as estruturas de
funcionamento e há também necessidade de incentivar cada vez mais os jovens na
aprendizagem desta língua", afirmou Leonel Alves.
O
também advogado referiu a "aparente falta de sintonia entre o que se
pretende politicamente no Governo e aquilo que a autonomia da universidade o
autoriza a fazer".
Leonel
Alves contrapôs com o "bom trabalho" realizado pelo Instituto
Politécnico de Macau no ensino da língua portuguesa.
Além
disso, considerou importante "haver um estabelecimento de ensino
autonomizado, vocacionado exclusivamente para o ensino da língua
portuguesa" em Macau, para formar intérpretes-tradutores e "outras
áreas do saber, porque o conhecimento da língua portuguesa ou de qualquer outra
língua estrangeira é sempre uma mais-valia profissional".
Por
outro lado, chamou a atenção para o curso de Direito da Universidade de Macau,
cujo diploma deixou de ser reconhecido na Europa, através de Portugal,
questionando "o que é o que Governo e a Universidade com a sua autonomia
podem fazer para alterar esta situação".
Na
resposta, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam,
considerou lamentável a polémica em relação ao ensino do português na Universidade
de Macau e disse que "não deve haver contradições com as políticas
consagradas nas Linhas de Ação Governativa".
"Recentemente
houve assuntos menos felizes na Universidade de Macau, mas sabemos que não
podemos reduzir os recursos investidos no ensino da língua portuguesa",
afirmou Alexis Tam, para quem é preciso "aproveitar os recursos" e
"tentar transformar Macau num centro ou numa base de formação da língua
portuguesa".
O
secretário salientou que há mais de 30 instituições do ensino superior no interior
da China a ensinar português, o que mostra "a importância da língua
portuguesa", pelo que "Macau deve aproveitar bem esta vantagem".
O
português "é uma língua oficial" e "uma vantagem" para a
"ligação mais íntima" de Macau "com os Países de Língua
Portuguesa", acrescentou.
Alexis
Tam sublinhou também que Macau tem "uma comunidade portuguesa e que muitos
portugueses contribuíram para a região em várias áreas, incluindo a educação e
área jurídica".
Antes,
na resposta a Mak Soi Kun, outro deputado que o questionou sobre o ensino do
português, Alexis Tam afirmou que "a Universidade de Macau tem
autonomia" e que o Governo apenas "pode lançar instruções,
supervisionar".
Quanto
ao curso de Direito, disse desejar "que a Universidade de Macau aplique o
mecanismo que tinha para que os cursos feitos na Universidade de Direito de
Macau continuem a ter o reconhecimento de Portugal".
Na
quinta-feira, o reitor da Universidade de Macau disse na Assembleia Legislativa
que a instituição "não vai cortar nos cursos de português".
FV
// MP
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