Díli,
18 fev (Lusa) - O primeiro dicionário timorense de Português-Tetum foi hoje
apresentado em Díli e foi elaborado por uma equipa de 12 pessoas do
Departamento de Português da Universidade Nacional de Timor Lorosa'e nos
últimos quatro anos.
"Os
dicionários anteriores não seguiam o tétum padronizado e este segue o tétum
padronizado do Instituto Linguístico", explicou à Lusa Benvinda Lemos
Oliveira, docente daquele departamento da UNTL coordenadora e coautora do
dicionário.
Filha
de pai cabo-verdiano e mãe timorense, nascida em Timor-Leste - onde completou o
mestrado - Benvinda Oliveira explica que mais do que procurar cimentar o padrão
do tétum, uma língua ainda em grande evolução, o dicionário procurou responder
às carências que se sentiam nesta matéria.
"Vemos
diariamente as dificuldades dos nossos estudantes no terreno. Muitas vezes têm
algum conhecimento do português, conhecem o seu valor semântico até mas não o
conseguem encaixar numa situação adequada", explicou.
O
objetivo era conseguir produzir uma edição com preço acessível para os alunos
timorenses mas os custos associados ao projeto não permitem que isso seja para
já possível.
A
primeira edição, da Lidel, com cerca de 2.600 cópias enviadas para Timor-Leste,
está já a ser revista pelo que, disse a docente, só depois de concluído esse
processo se poderá iniciar um outro, o de fazer a versão Tétum-Português.
Trabalhos
como este, argumentou, são "muito importantes para ajudar a cimentar as
duas línguas" oficiais em Timor-Leste, sendo que no caso do tétum ainda há
que fazer muito trabalho para garantir o desenvolvimento pleno da língua.
"Não
há ainda muito trabalho acerca do tétum. Por isso acho que esta obra vai ser
útil não apenas para os nossos estudantes, mas para todos os amantes da
língua", frisou.
Atualmente,
o Departamento de Português da UNTL tem 11 docentes timorenses apoiados por
oito professores portugueses, contando anualmente com mais de 100 alunos.
Benvinda
Lemos Oliveira considerou que é vital ampliar o trabalho que está a ser feito
no país para fomentar as duas línguas oficiais, português e tétum, investindo
na formação, mas também na sua divulgação.
"Tem
sido feito muito pouco. Os programas televisivos têm pouco de interessante em
português e tétum para captar o interesse dos jovens. E por isso a antena
parabólica está sempre mais virada apenas para o país vizinho", referiu
como exemplo.
ASP
// VM
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