Lisboa,
15 jan (Lusa) -- O novo representante da FAO em Portugal e na CPLP declarou
hoje que o bloco lusófono tem condições para colocar a alimentação no centro da
cooperação para o desenvolvimento, o que permitiria melhorias na vida dos seus
habitantes.
"A
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem todas as condições para
colocar a alimentação como o centro do seu processo de cooperação para o
desenvolvimento e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO) terá todo o prazer, obviamente, de continuar a apoiar este
esforço feito por parte dos países" do bloco lusófono, afirmou à Lusa
Francisco Sarmento.
De
acordo com Sarmento, que assumiu o cargo de representante da FAO em dezembro,
uma das primeiras necessidades humanas, "aquela que é mais fundamental,
que está sempre no centro das nossas preocupações, é a alimentação".
"Penso
que dentro da ideia de que um país é aquilo que come, os países da CPLP têm, de
facto, um património ecocultural comum muito relevante", referiu.
Para
o responsável da FAO, um português que viveu em Angola e no Brasil, esse
património comum foi construído nas últimas décadas, nos últimos anos, assente
em várias premissas comuns e uma delas é a conquista da liberdade, já que
"os países africanos conquistaram a sua independência e Portugal
conquistou também a sua liberdade".
"Isto
fez, de certa forma, com que este património comum ecocultural tenha, do ponto
de vista político e social, a liberdade associada", disse Sarmento, que já
ocupou outros cargos dentro da FAO.
"A
liberdade no sentido da materialização de um conjunto de aspirações de direitos
humanos que permitem a todos caminhar num sentido melhor", acrescentou.
Para
o representante da FAO, "a CPLP tem este imenso potencial e, se conseguir
dar resposta a esta herança e tornar a alimentação o centro do processo de
desenvolvimento dos países, (...) poderá melhorar em muito as condições de vida
da maioria dos seus 250 milhões de habitantes".
Francisco
Sarmento afirmou que a principal prioridade da FAO relativamente à CPLP é
apoiar a implementação da estratégia de segurança alimentar e nutricional que
os países do bloco aprovaram em 2012.
O
responsável afirmou que é fundamental e primordial uma participação
multissetorial, do Governo e de outros atores relevantes, no esforço de
implementação da estratégia de segurança alimentar e nutiricional no bloco
lusófono.
Durante
a IX Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP em Maputo, em 2012,
foi aprovada a Estratégia Regional de Segurança Alimentar e Nutricional
(ESAN-CPLP), que apoia a institucionalização progressiva do tema Segurança
Alimentar e Nutricional (SAN).
Na
mesma conferência também foi aprovada a constituição do Conselho de Segurança
Alimentar e Nutricional da CPLP (CONSAN-CPLP), recomendando-se os Conselhos
nacionais.
"Felizmente,
eu penso que esta estratégia da CPLP é muito concisa, muito focada. Ela tem só
três prioridades, mas isso não quer dizer que estas não exijam um trabalho de
alguma dimensão", disse.
"Estas
prioridades são a melhoria da governação do sistema alimentar, a proteção
social e o fortalecimento dos agricultores familiares. Será sobre estes três
eixos que, maioritariamente, o apoio da FAO vai ser destinado",
acrescentou, dizendo que os países "já estão a avançar com um conjunto de
ações em cada um destes três eixos".
Segundo
o responsável, atualmente, quase todos os países da CPLP, em fases diferentes,
têm conselhos nacionais de segurança alimentar e nutricional e "esta foi
claramente uma vitória e uma conquista da estratégia (ESAN)".
"Alguns
países estão ainda a iniciar esse processo, mas é um processo que se está a
consolidar a um bom ritmo. Esta é a primeira prioridade da estratégia, então
para a FAO é um motivo de orgulho e um motivo para apoiar prioritariamente este
processo em todos os países", sublinhou.
CSR.
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