terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Parlamento Nacional timorense aprovou voto de pesar pela morte de Mário Soares


Díli, 10 jan (Lusa) - O Parlamento Nacional timorense aprovou hoje por unanimidade um voto de pesar pela morte de Mário Soares, "figura incontornável da luta pela democracia e pela liberdade" e grande e incansável amigo de Timor-Leste.

"Timor-Leste perde um grande amigo que incansavelmente manifestou o seu apoio e solidariedade com a causa do povo timorense", refere o texto que destaca ainda o apoio da Fundação Mário Soares na preservação do acervo documental da resistência timorense e no desenvolvimento do Arquivo e Museu da Resistência.

O voto de pesar foi o primeiro documento aprovado este ano pelo Parlamento Nacional que retomou na segunda-feira os seus trabalhos e que hoje se reuniu, à porta fechada, para analisar o tema das fronteiras marítimas com a Austrália.

No texto, assinado pelo Presidente do Parlamento Nacional, Adérito Hugo da Costa, o Parlamento Nacional "presta homenagem e profundo pesar" pela morte de Mário Soares, um homem "reconhecido mundialmente como grande Estadista".
"No período conturbado e de incerteza que o mundo atualmente atravessa, o legado de Mário Soares deverá continuar a inspirar-nos na procura de soluções em que imperem os valores da liberdade, da democracia, da justiça e da paz", refere o texto.

O voto de pesar, que recorda dados da carreira de Mário Soares, dá especial atenção a um discurso que este proferiu no Parlamento Europeu em 1986 em que "expressou a sua indignação pela situação dramática vivida em Timor-Leste".

Nesse discurso "apelou às instituições europeias que prestassem a atenção e interesse que a gravidade do problema exigia", e, nesse mesmo ano, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução sobre a situação em Timor-Leste, "colocando no plano internacional a questão do direito à autodeterminação do povo timorense".

Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.

O corpo do antigo Presidente da República está em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos desde as 13:10 de segunda-feira, depois de ter sido saudado por milhares de pessoas à passagem do cortejo fúnebre pelas principais ruas da capital com escolta a cavalo da GNR.

O funeral realiza-se hoje, pelas 15:30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.

Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.

Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.

ASP // SB

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