Díli,
10 jan (Lusa) - O Parlamento Nacional timorense aprovou hoje por unanimidade um
voto de pesar pela morte de Mário Soares, "figura incontornável da luta
pela democracia e pela liberdade" e grande e incansável amigo de
Timor-Leste.
"Timor-Leste
perde um grande amigo que incansavelmente manifestou o seu apoio e
solidariedade com a causa do povo timorense", refere o texto que destaca
ainda o apoio da Fundação Mário Soares na preservação do acervo documental da
resistência timorense e no desenvolvimento do Arquivo e Museu da Resistência.
O
voto de pesar foi o primeiro documento aprovado este ano pelo Parlamento
Nacional que retomou na segunda-feira os seus trabalhos e que hoje se reuniu, à
porta fechada, para analisar o tema das fronteiras marítimas com a Austrália.
No
texto, assinado pelo Presidente do Parlamento Nacional, Adérito Hugo da Costa,
o Parlamento Nacional "presta homenagem e profundo pesar" pela morte
de Mário Soares, um homem "reconhecido mundialmente como grande
Estadista".
"No
período conturbado e de incerteza que o mundo atualmente atravessa, o legado de
Mário Soares deverá continuar a inspirar-nos na procura de soluções em que
imperem os valores da liberdade, da democracia, da justiça e da paz",
refere o texto.
O
voto de pesar, que recorda dados da carreira de Mário Soares, dá especial
atenção a um discurso que este proferiu no Parlamento Europeu em 1986 em que
"expressou a sua indignação pela situação dramática vivida em
Timor-Leste".
Nesse
discurso "apelou às instituições europeias que prestassem a atenção e
interesse que a gravidade do problema exigia", e, nesse mesmo ano, o
Parlamento Europeu aprovou uma resolução sobre a situação em Timor-Leste,
"colocando no plano internacional a questão do direito à autodeterminação do
povo timorense".
Mário
Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
O
Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.
O
corpo do antigo Presidente da República está em câmara ardente no Mosteiro dos
Jerónimos desde as 13:10 de segunda-feira, depois de ter sido saudado por
milhares de pessoas à passagem do cortejo fúnebre pelas principais ruas da
capital com escolta a cavalo da GNR.
O
funeral realiza-se hoje, pelas 15:30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa,
após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da
República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.
Nascido
a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares,
advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do
PS.
Após
a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi
ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e
entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade
Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Em
1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante
dois mandatos, até 1996.
ASP
// SB
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