quinta-feira, 25 de abril de 2019

Chumbada discussão de projeto de lei que proíbe candidatura única a chefe do Governo de Macau


China, Macau, 23 abr 2019 (Lusa) - Os deputados da Assembleia Legislativa de Macau rejeitaram hoje a discussão de um projeto de lei do deputado pró-democracia Sulu Sou, no qual defendia um mínimo de dois candidatos nas eleições para chefe do Governo.

A discussão do projeto de lei foi rejeitada com 26 votos contra e quatro a favor.

"O projeto de lei propõe que, sempre que, por qualquer motivo, o número de candidatos a chefe do executivo seja inferior a dois, (...) o processo de propositura se reinicie, até que haja, no mínimo, dois candidatos", pode ler-se na nota justificativa enviada por Sulu Sou à Assembleia Legislativa.

"Mesmo que seja impossível, a curto prazo, a escolha do chefe do executivo por sufrágio universal", pelo menos pode-se "definir condições sobre o número de candidatos, no sentido de garantir a mínima concorrência eleitoral, evitando o monólogo das eleições" e "melhorar, em certa medida, o nível da governação", sustentou o deputado.

Por outro lado, acrescentou, "se a eleição envolver mais do que um candidato", estes "sentir-se-ão mais incentivados a apresentar programas políticos mais ambiciosos em prol da população".

Além disso, "os eleitos, conscientes de que, no fim do mandato, muito provavelmente serão desafiados por outros candidatos, sentir-se-ão mais incentivados a concretizar os seus programas políticos", até porque "só há progresso quando há concorrência", concluiu.

Após a votação, o deputado pró-democracia Ng kuok Cheong, um dos quatro que votou a favor da discussão do projeto de lei, lamentou o facto de os restantes deputados não terem aprovado o projeto de lei apresentado por Sulu Sou.

"Devíamos ter um avanço público em Macau", disse, durante a reunião plenária.

A discussão do projeto lei já tinha sido solicitada pelo deputado Sulu Sou, mas inviabilizada a 15 de fevereiro pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, ao alegar que, de acordo com a Lei Básica, esta não é uma competência dos deputados.

Na quinta-feira, o presidente da Assembleia Legislativa anunciou a candidatura a chefe do Governo de Macau, sendo, para já, o único candidato.

Nas duas regiões administrativas especiais chinesas, Macau e Hong Kong, o líder do Governo é escolhido por um colégio eleitoral.

Em Macau, este colégio integra 400 elementos representativos da sociedade, quer através de cargos como os de deputados à Assembleia Legislativa, quer por indicação das associações e grupos profissionais do território, desde grupos industriais, comerciais e financeiros até a setores culturais e desportivos.

Em 04 de fevereiro, as autoridades de Macau deram início ao processo para a eleição do chefe do executivo, ao marcarem para 16 de junho a escolha dos membros da CECE, que vão eleger o sucessor de Chui Sai On, que por determinação legal não pode apresentar-se a um terceiro mandato.

De acordo com a lei eleitoral, entre a eleição da comissão e a escolha do líder do Governo deve decorrer um período mínimo de 60 dias, ou seja, pode ser escolhido a partir da segunda quinzena de agosto.

A posse do futuro chefe do Executivo está prevista para 20 de dezembro deste ano, data em que se assinala o 20.º aniversário da constituição da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

O chefe do executivo de Macau tem ainda de ser aprovado pelo Governo central da República Popular da China.

MIM (JMC/EJ) // VM

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