Macau,
China, 23 jul (Lusa) -- O The Guardian divulgou, esta quarta-feira, um
relatório "altamente confidencial", datado de junho de 2010, segundo
o qual Pequim acreditava que os casinos da norte-americana Las Vegas Sands
estariam a trabalhar em conluio com a CIA.
"Muitos
dos funcionários [chineses] que contactámos eram da opinião de que agências de
inteligência norte-americanas são muito ativas em Macau e que penetraram e
utilizaram os casinos norte-americanos para apoiar as suas operações",
refere-se no relatório, elaborado por um investigador privado, divulgado no
jornal britânico.
A
investigação foi encomendada pela Sands China, subsidiária da norte-americana
Las Vegas Sands, do magnata Sheldon Adelson, numa altura em que havia
preocupações com a crescente hostilidade do Governo da Região Administrativa
Especial de Macau relativamente à indústria do jogo em geral e, em particular,
face à Sands, escreve o jornal.
O
relatório, assinalado com uma advertência de que não podia chegar ao interior
da China, foi revelado pelo Programa de Jornalismo de Investigação da
Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Figura
entre o rol de documentos apresentados a tribunal no caso da Las Vegas Sands,
que está a ser ouvida no âmbito de uma ação civil interposta por um antigo
dirigente seu em Macau, que processou a empresa por despedimento sem justa
causa.
"Uma
fonte credível reportou que funcionários do Governo central chinês acreditam
firmemente que a Sands autorizou agentes do FBI/CIA que operassem a partir das
suas instalações. Estes agentes aparentemente 'monitorizam funcionários do
Governo chinês que jogam nos casinos'", indica o relatório.
"Esta
fonte também informou que vários departamentos governamentais da RPC (República
Popular da China) relataram haver 'provas' de 'agentes norte-americanos', a
operar a partir da Sands, 'atraindo' e ludibriando oficiais do Governo chinês,
envolvidos em atividades de jogo para depois os forçar a cooperar com os
interesses do Governo dos Estados Unidos".
O
investigador, que não é identificado, afirmou que a sua informação tinha por
base fontes influentes, incluindo três no gabinete de Pequim responsável pelos
assuntos de Macau e de Hong Kong, duas fontes do Ministério dos Negócios
Estrangeiros e um poderoso empresário chinês com relações próximas a Pequim.
O
relatório não refere se a Sands foi cúmplice da alegada atividade dos serviços
secretos norte-americanos, apenas que as autoridades chinesas acreditavam
nisso.
A
Sands descreveu o relatório como "uma coleção de especulação sem
significado", considerando que a narrativa de que figurava como uma
"frente" para os esforços das agências de informação norte-americanas
soa como "uma ideia para um guião de um filme".
DM
// VM
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