Díli,
24 fev (Lusa) - A ministra do Comércio angolana manifestou-se hoje desapontada
por o Brasil ter mostrado pouco empenho nos encontros da reunião ministerial da
CPLP de hoje, em Díli, onde só participou a nível de embaixador e sem assinar a
declaração final.
"Talvez
falte um pouco mais de empenho. Houve duas reuniões de pontos focais, uma em
Lisboa e outra em Luanda e o Brasil também não participou", disse à Lusa
Rosa Pacavira, depois da conclusão da 2.ª reunião dos ministros do Comércio da
CPLP, em Díli.
"Ficámos
um pouco defraudados porque hoje estava o embaixador (do Brasil) mas não veio
mandatado para assinar a declaração e mais uma vez o país não se vinculou às
decisões que foram tomadas aqui", afirmou.
Rosa
Pacavira insistiu que a CPLP tem relações cultuais e linguísticas fortes, mas
que deve ser "um bloco económico muito forte, com união e
solidariedade" entre todos.
"Mas
sentimos que falta alguma coisa. Vamos trabalhar com a equipa brasileira para
saber de facto o que se passa. Já na nossa presidência sentimos um afastamento
do Brasil", afirmou, considerando que "quando um país que é uma
potência se afasta das questões comunitárias não é salutar" para a
comunidade.
E
ao mesmo tempo recordou que há questões a nível comercial pendentes e que devem
ser resolvidas entre todos.
"O
Brasil exporta para todos os nossos países. Nós também queremos exportar para o
Brasil, Estamos a verificar muitas barreiras comerciais, queremos que haja
facilidades de comércio e que estejamos todos em sintonia e harmonia",
disse.
Rosa
Pacavira disse que o Brasil é dentro da comunidade lusófona o país "com
mais potencialidade económica e que poderia ser a força motriz de toda esta
comunidade" e que apesar de eventualmente assinar a declaração final de
hoje, "deveria ter estado mais fortemente empenhado" neste processo.
A
declaração final assume particular importância porque os ministros recomendaram
hoje a adoção de um novo pilar económico e empresarial da CPLP, como elemento
central para fomentar o desenvolvimento dos Estados membros.
Essa
vertente não é apoiada pelo Brasil, que pretende insistir nos objetivos
fundadores da organização, nomeadamente a língua e a cultura, como disse á Lusa
em Díli, em julho do ano passado o chefe da diplomacia brasileiro, à margem da
reunião como os seus congéneres lusófonos.
Mauro
Vieira, que esteve na XX reunião do Conselho de Ministros da CPLP, foi
praticamente o único ministro brasileiro a participar nas reuniões setoriais
organizadas pela presidência timorense nos últimos 18 meses.
O
ministro disse na altura que o envolvimento do setor empresarial e do resto da
sociedade civil deve ser sempre "como consultivo", sem que essas
contribuições condicionem o propósito da organização.
"O
objetivo não é transformar a CPLP numa instituição, numa organização que seja
comercial e económica. Ao contrário. Eu acho que é um espaço de concertação, um
espaço de criação de consensos políticos e de cooperação", disse.
Questionado
sobre este aspeto hoje pela Lusa, o secretário-executivo da CPLP, Murade
Murargy, mostrou-se confiante de que o Brasil assinará o texto e de que a
presidência brasileira "dará continuidade aos trabalhos feitos pela
presidência timorense", incluindo no âmbito deste pilar económico.
Murargy
escusou-se porém a comentar se a agenda timorense de tentar incentivar a
componente económica e empresarial da CPLP pode vir a ser travada ou bloqueada
durante a presidência brasileira que começa em julho.
ASP
// VM
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